Coberturas

Inauguração da Exposição Iberê Camargo: um trágico nos trópicos

Ines

CCBB, 26/01/2016
Por Inês Marzano

Aconteceu nesta terça-feira (26/01) a vernissage da exposição retrospectiva do artista Iberê Camargo. O evento foi sediado no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade. No coquetel, muitos artistas, jornalistas e convidados em geral contemplaram as obras numa retrospectiva fantástica.

 

Reconhecida, em 2014, pela Associação Paulista de Críticos de Arte como a melhor exposição retrospectiva, “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” traz 134 obras, sendo 49 pinturas, 40 desenhos, 32 gravuras e 10 matrizes especialmente selecionados pelo curador, professor e crítico de arte Luiz Camillo Osorio. 

A mostra, que já passou pelo CCBB-SP, MAM Rio e CCBB-Brasilia, fica em exibição no Centro Cultural Banco do Brasil – no Circuito Liberdade, de 27 de janeiro a 28 de março, com entrada gratuita. O CCBB BH fica na Praça da Liberdade, 450 – Funcionários. 

 

Em “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” os trabalhos do artista se dividem em dois eixos: o primeiro, entre as décadas de 1950 e 1970, destaca o período em que a poética de Iberê ganha maturidade e apreende característica própria após seu período de formação. O segundo, já no final da década de 1980 e início dos anos 1990, é marcada por sua dimensão trágica. “É a fase crepuscular de Iberê Camargo”, explica Camillo Osorio. De acordo com o curador, nesse contexto, o público terá a oportunidade de ver o processo inteiro de uma obra acontecer. “Iberê é um dos maiores artistas da segunda metade do século XX; um pintor que brigou pela qualidade das tintas e, consequentemente, pela valorização das obras. Foi uma vida inteira dedicada à arte”. 

 

A exposição apresenta desde obras da fase Natureza Morta, iniciada na década de 1950 – período em que Iberê retornou da Europa para o Rio de Janeiro depois de estudar com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André Lhote, até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 1990, que incluem as séries Ciclistas, As Idiotas e Tudo Te é Falso e Inútil. “O núcleo da exposição é o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer”, adianta Camillo Osorio.  

 

A diversidade artística do pintor, que passa por pinturas, desenhos, guaches e gravuras, não revela nenhuma preferência em especial, mas um processo natural de sua carreira. “Iberê era pintor, que se estendia pelo desenho, onde ia se soltando e ganhando ritmo. O desenho era a usina de suas ideias pictóricas. Já o trabalho com a gravura era quase um sacerdócio. Nas telas, o público confere o trabalho sempre trágico de Iberê que é mais atípico no Brasil. A exposição retrata seu olhar sombrio, noturno e solitário”, revela o curador. 

 

O coordenador de acervo e ateliê de gravura da Fundação Iberê Camargo, Eduardo Haesbaert, observa que o artista sempre pensou em como fazer o quadro, começando primeiro um estudo e depois passando este estudo para as telas. “Era racional, mas no momento de pintar, muito impactante”, disse o ex aluno de Iberê. "O intuito é a divulgação das obras e tornar o pensamento do artista vivo", conclui Haesbaert. 

 

Para o professor de design Enrico Marques F. Passos conhecer as obras de perto foi inédito. "Apesar do renome do artista, ainda não havia tido a oportunidade de conhecer seus trabalhos. Os que mais me chamaram a atenção foram as gravuras", disse.

 

Fotos: LÚcia Marzano

Fotos: Lúcia Marzano
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