Coberturas

A abertura da exposição “Ameríndios do Brasil”, do fotógrafo e documentarista da arte e cultura brasileiras, Renato Soares, ocorreu com sucesso no Mercado Grano, dia 26 de janeiro, seguida de palestra com o artista.

A mostra conta com uma montagem muito elaborada, em que são retratadas mais de 40 nações indígenas, cujas fotos revelam um mundo ao mesmo tempo tão perto e distante do nosso, ilustrando expressões diversificadas estampadas nas faces dos índios das tribos. Assim como mostram suas persistências diante da civilização conquistadora, através da imagem, da beleza e da riqueza cultural, elucidando os rituais que atravessaram o tempo.

Renato Soares, desde 1986, percorre regiões insólitas do território nacional para registrar grupos étnicos com seus ritos e costumes. O gosto pela Arqueologia e Museologia foi uma consequência natural de uma ligação íntima com os povos indígenas, principalmente nas regiões Norte e Centro-oeste do Brasil, onde esteve por diversas vezes.

Seu trabalho deu origem ao livro “Krahô, os Filhos da Terra” 1994. “Entre os trabalhos de museologia, destacam-se as publicações dos livros: “Pavilhão da Criatividade da Fundação Memorial da América Latina” – SP 1999, e Sondagem na Alma do Povo” – Acervo de Arte Popular Brasileira do Museu Edison Carneiro – RJ 2005, entre outros.

Desenvolveu grande pesquisa em Minas Gerais sobre a arte religiosa de Mestre Athaíde. No Amazonas, trabalhou junto ao Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz, que investiga a endemia da Doença de Chagas na região do Alto e Médio Rio Negro. É colaborador da “Scientific American” Brasil e National Geographic. Realizou exposições Amazônia Brasil - Palais de la Découvert - A Espace Amazonie e a Réalité et Futur... Ano do Brasil na França - Paris, e O Último Kuarup (Xingu) mostra de painéis fotográficos sobre o Kuarup do sertanista Orlando Villas Boas, que passou por 12 capitais brasileiras, em Los Angeles – 2005.

No Brasil, a mesma exposição esteve no MASP, Museu de Arte de São Paulo, por ocasião do lançamento do livro póstumo de memórias “Orlando Villas Boas - Histórias e Causos” 2005.

Atualmente, Renato se dedica integralmente ao seu projeto Ameríndios do Brasil, cujo trabalho foi premiado no Museu Du Louvre em 2017 e tem participado de grandes mostras na Europa e Brasil.

Durante a palestra, que contou com um painel de fotos, Renato salientou sobre sua extensa jornada, teceu comentários sobre a grandeza da filosofia de vida dos índios, seu modo de vida e inúmeros rituais vivenciados por eles durante o dia. Considerou também as diversas maneiras utilizadas para captar as imagens nos locais visitados e de como aguardava por muitas horas, um bom momento para fazer os registros. Disse sobre o aproveitamento da luz natural ao fotografar, proporcionando efeitos belíssimos.

“Esse projeto comecei a fazer há 30 anos e quem me levou ao Xingu foi Orlando Villas Boas que, mais de que um amigo, era um mentor. Quando eu tinha 18 anos ele disse que se eu quisesse aprender teria que ouvir a história que me contaria. Ressaltou que o homem deve passar a história adiante e, coitado de quem na velhice, não tiver uma boa narrativa para contar. Essas fotografias são um pouco de tudo que vi e vivi nas minhas andanças. A minha busca, na verdade, é pelo ser humano. Ver o outro e olhar para o outro é você entender o que o outro quer. No Brasil, o índio é um sujeito desconhecido, é um personagem que vive à margem da nossa sociedade. Ao fotografar o índio descobri um mundo distinto, onde há mais paz, mais harmonia e você vive um dia atrás do outro, não existe a azáfama, porque nunca gostei da pressa, salientou Renato.

Segundo Leonardo Mendes, o Mercado Grano foi idealizado através da parceria com Fernando Beber, responsável pela área de panificação e com Alceu Lima Neto. Conta também com os parceiros José Fernando, Gilberto Leste, proprietário do Armazém, Guiomar e meninas da floricultura Atelier da Terra, Luciana Tanure, da livraria e editora Quixote+Do, Casa do Vinho e da Premium, importadora de vinhos.

O Mercando Grano planeja realizar outra ação muito interessante com a Quixote+Do, que será confecção de livros no local, com impressão a custo muito baixo. Assim como estão desenvolvendo um projeto com os fabricantes de queijo da Serra da Canastra, a fim de comercializar seus produtos, cuja renda será revertida na publicação de um livro que fala sobre a região e seus produtores.

Aos sábados, no horário de 09:00 até 13:30, ocorre a feira orgânica, cujo produtor recebeu o primeiro certificado de produtor orgânico de Minas Gerais.

“Conhecer o Renato através de amigos foi uma felicidade maravilhosa, pela qualidade apresentada em seu trabalho, que possui obra no mundo inteiro, faz parte do acervo de vários museus, com tema abordado muito atual e importante para todos. Estamos com a intenção de agilizar novos projetos, como a publicação de seu novo livro e participar também da imersão no Xingu, com um pequeno grupo que ele acompanha a esta região, sendo que parte do valor que ele arrecada em suas atividades é revertido para as tribos indígenas. Foi uma honra receber a exposição do Renato, valendo a pena ser visitada pelo assunto em questão. É imperdível!”, concluiu Leonardo.

A exposição permanecerá no Mercado Grano até 18 de março.