Coberturas
10ª edição do “Abrace a Serra da Moeda” mostra a luta pela natureza
Serra da Moeda, 21/04/2017
Por Edy Fernandes
Milhares de pessoas se reuniram no último dia 21 (sexta-feira) formando um enorme cordão humano no alto da Serra da Moeda como forma de defender nascentes da região, que correm risco de secar devido à atuação de empreendimentos e atividades ligadas à exploração do minério e de água.
Às 12h foi o momento mais esperado do evento: todos os participantes, vestidos de branco e com as mãos dadas, formaram um enorme cordão humano no alto da Serra da Moeda, conhecida popularmente como “Topo do Mundo”, com um objetivo bastante nobre: defender as mais de 30 nascentes da região, contidas no Monumento Natural Municipal da Mãe D’água. Todas servem de abastecimento direto para mais de 10 mil famílias que moram na encosta da Serra, além de serem importantes na formação das bacias hidrográficas dos rios Paraopeba e Velhas, que distribuem água para toda a região metropolitana de BH.
Segundo a ONG, embora o mote central desta 10ª edição do Abrace continue sendo a luta pela criação do Monumento Natural Estadual da Mãe D’água, este ano o protesto foi para exigir da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) responsabilidade com a segurança hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Isso porque o órgão ambiental estadual vem se posicionando favorável à viabilidade de empreendimentos que produzem significativos impactos, especialmente na Serra da Moeda, sem qualquer estudo conclusivo sobre a viabilidade hídrica dessas atividades. “Embora a SEMAD solicite estudo de impacto ambiental na região, esse se apresenta insuficiente para uma avaliação mais profunda acerca da disponibilidade hídrica do aquífero, cenário de demanda atual e futura, dano sinérgico com outras atividades, impactos da impermeabilização em zonas de recarga e os conflitos entre usuários de recursos hídricos”, afirma a advogada da ONG Abrace, Beatriz Vignolo Silva.
O Vice-Presidente da ONG Abrace a Serra, Ênio Araújo também relatou a existência de vários empreendimentos previstos para a região sem estudos conclusivos que atestem que o lençol freático da Serra da Moeda suportará a alta demanda de água quando todos atingirem o seu auge. “Mineradoras, empreendimentos imobiliários, fábrica de refrigerantes e pólos industriais poderão consumir um volume de água muito superior à taxa de recarga do aquífero, o que pode provocar a seca das nascentes da encosta da Serra que abastecem diversas comunidades históricas e servem de recarga para a Região Metropolitana de BH”, explica Araújo.
A data da 10ª edição do Abrace a Serra da Moeda, 21 de abril, foi escolhida de forma proposital, já que a Inconfidência Mineira, comemorada neste dia, simboliza a luta dos mineiros contra a exploração de seus recursos naturais e as arbitrariedades cometidas pela Coroa Portuguesa no período em que o Brasil ainda era uma colônia. Mais de 10 ônibus sairam das comunidades próximas a Serra da Moeda levando a população local - vários remanescentes de quilombos - para realizarem o abraço simbólico no topo da montanha. Houve manifestações culturais da região durante o abraço.
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