Coberturas
As artistas plásticas Gilda Queiroz e Marta Von Zeidler expõem no SOU Café Cultural
Sou Café Cultural, no CCBB, 20/06/2018
Por Luiza Miranda
O vernissage da exposição de Gilda Queiroz e de Marta Von Zeidler ocorreu no bistrô Sou Café Cultural, no CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil, no dia 20 de junho, em evento promovido pelo produtor cultural Manoel Hagen. Na ocasião, reuniram-se artistas, socialites, empresários, imprensa e representanes do mundo acadêmico mineiro.
Reunindo obras de duas artistas com linhas de trabalhos distintas, a mostra, que fica mais um mês no Café, apresenta obras de Gilda Queiroz, que utiliza técnicas de aquarela, e pinturas em tela de Marta Von Zeidler, pintadas com a palma das mãos e dedos da artista que é catalogada na Europa. Ambas são portadoras de forte caligrafia pessoal, porém, encontram afinidades no processo de busca de estilo pessoal e conceito diferenciado.
Gilda Queiroz nasceu em Rubim, no Vale do Jequitinhonha (MG). Trabalha e vive em Belo Horizonte. Fez cursos com Paulo Lisboa, Solange Botelho (aluna do mestre Guignard), Edna Assis, Luiz Cerqueira, em Arembepe (BA); e em Londres, nos Studios Art Show. Estudou moda e design. Trabalha com pintura, aquarela e gravura.
Marta Von Zeidler é filha de alemães. Nasceu em São Paulo, mas vive e trabalha há 30 anos em Berlim, Alemanha. Possui uma galeria de arte nesta cidade, a qual leva o nome da artista, onde realiza exposições de pintores e escultores de todo o mundo, porém, mantém foco maior na arte brasileira.
Para o crítico Rogério Zola Santiago (Mestre pela Indiana University), "Marta von Zeidler pinta com as palmas das mãos, e com os dedos, sem usar pincéis e espátulas. Isso é literalmente colocar o corpo na tela. Seu furor criativo sai da derme (segundo a teoria psicanalítica freudiana, a pele tocada repõe e faz a vida resistir além). Marta retém no toque a sobrevivência emocional dos homens, das mulheres (e dos bichos que se deixam adestrar e domar através do toque humano em seu corpo). Assim, esta artista teuto-brasileira expele sua energia vital para cima da lona, papel ou tela - por meio de seus olhos de onça jaguatirica, quase extinta, íris plena do material de que são feitos os sonhos. Marta von Zeider imprime teor onírico aos trabalhos que podem ser paisagens interiores projetadas e/ou introjetadas da natureza, numa simbiose dentro-fora-dentro inóspita, sedutora. É premiada com destaque na Itália. Em destaque (obra vendida em Berlim), a preciosa criação de ouro com azul turquesa, verdadeira explosão tátil, vaporosa, enebriante."
Gilda Queiroz, continua o crítico Santiago, "depois da Guignard e de temporada na Europa, mistura ares europeus (Paris e Berlim) em desenhos-croquis-aquarelas de moda em profusão de estilos. Estes refletem a carreira da ex-modelo em aguadas e formas aquareladas, a englobar em desenvoltura a mulher brasileira. A artista Queiroz evoluiu, cresceu nas obras corporais semi-abstratas que se compõem sob vidro. Combinam-se estilismo, modelagem, técnica da transparência exigida por este tipo de arte diluída. Algumas das aquarelas de Gilda Queiroz são de referência elegante; outras parecem buscar de dentro da alma não apenas a alegria, mas, a dor da mulher no mundo misturada a cores suaves e escuros em distorção, ao lado de signos e hieróglifos, alfabeto inventado. A deformidade mescla-se à fidalguia das formas sensuais e até nuas. O estranhamento e o belo emergem do fluxo das coisas propostas como se fossem gritos de um tempo passado, porém, necessários à reflexão das faces em preto que se mesclam aos redondos corpos que não repetem o belo estereotipado imposto ainda às fêmeas num mundo de machos dominantes." RZS – 2018
Marta Von Zeidler considerou: “Situo-me entre o figurativo e o abstrato, trabalho muito com os dedos, sou uma pintora colorista, amo cores e luzes. Na ocasião, estou trabalhando com tom monocromático, pois sempre tive vontade de utilizar somente uma cor e apresento meu novo segmento na exposição. Minha inspiração é originada de momentos diversos e também da Bíblia, pois embora eu não esteja inserida no contexto religioso, adoro as histórias bíblicas. Esta abertura foi muito importante, visto que oportunizou um encontro de artistas. Tenho esse vínculo com Belo Horizonte, através de Manoel Hagen, e agora de Simone Rondom, Rogério Santiago e de você, Luiza. O fato de eu ser também galerista, me encontrando no meio desse intercâmbio cultural entre os artistas brasileiros e alemães, reforça a confiança e o interesse bicultural entre Brasil e Alemanha. É muito bom estar com vocês todos, trocar informações e conversar sobre futuros projetos, e ver como posso contribuir com os mesmos. Tenho a intenção de abrir em breve a Art Gallery Von Zeidller nesta cidade, em sociedade com Gilda Queiroz”.
Gilda Queiroz disse: “Minhas inspirações vão ao encontro do Jequitinhonha, pois todas as aquarelas e técnicas utilizadas nas telas expostas remetem ao Vale e ao urucum (o vermelho-ocre-laranja da pele indígena), o que foi o meu primeiro contato com a tinta. Através da aquarela, consigo expressar um valor sentimental no que tange minha vivência, retratando mulheres com que convivi em diversas ocasiões, originando afeto, companheirismo e cumplicidade, sentimentos naturais muito difíceis de encontrarmos atualmente no mundo. Estou muito feliz com o evento da abertura desta mostra porque consegui mostrar o trabalho de uma forma afetuosa e com leveza. Agradeço a presença de todas as pessoas maravilhosas que vieram nos prestigiar, assim como espero que a visitação seja constante até o final, para que possamos tomar um café com arte fechando o ciclo. Agradeço ao Manoel Hagen, que é uma pessoa fantástica, e ao Roberto Noronha que foi super-receptivo em receber a exposição no espaço, colaborando para o êxito da mesma”.
Período de visitação: de 20 de junho a 20 de julho, de quarta a segunda, das 10h às 21h. Local: "SOU Café Cultural", pátio do CCBB/BH, (Galerias do Banco do Brasil), Praça da Liberdade, 450, Belo Horizonte, MG.
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