Coberturas

Beto Saroldi faz show em homenagem ao Clube da Esquina

A beto

Bar do Museu Clube da Esquina, 29/06/2017
Por Ivana Andrade

Após o sucesso de seu primeiro show solo em Belo Horizonte, no Bar do Museu do Clube da Esquina, na última quinta-feira (29), o saxofonista carioca Beto Saroldi, fará mais uma apresentação na casa neste sábado (1º), às 21h30.

Vibrante e performático, o show é dedicado aos grandes nomes do Clube da Esquina. “Adoro Minas, cuja música é uma das mais belas e incríveis do mundo. Por isso resolvi criar uma apresentação específica em homenagem aos meus amigos que fizeram parte desse movimento musical, que me influenciou e ainda me influencia”, diz Saroldi.

No embalo da música brasileira e com pegadas de Soul e Jazz, o saxofonista apresenta canções autorais, versões internacionais e clássicos de Lô Borges, Flávio Venturini, Milton Nascimento, Beto Guedes e Toninho Horta. Ao falar sobre a repercussão da música mineira no exterior, Saroldi lembrou que Milton Nascimento foi convidado pelo saxofonista norte-americano Wayne Shorter a gravar o disco “Native Dancer” com ele, em 1975.

“Os americanos têm adoração pela música de Minas. Se perguntar ao Pat Metheny quem é o melhor guitarrista do mundo vai dizer que é o Toninho Horta. Ele é influenciado pela música do Toninho”, afirma o saxofonista.

Ao todo, o repertório é composto por 18 músicas, entre elas “Vou roubar um beijo teu”, uma das faixas que integraram o sexto CD de Saroldi, que está prestes a ser lançado. “É com muito prazer que apresento essa balada romântica inédita. Mas, por questão estratégica, não posso relevar ainda o nome do disco”, justificou.

Na primeira parte do show, Saroldi, que também é compositor e produtor musical, sobe ao palco sozinho. Na sequencia é acompanhado pelo violonista e cantor mineiro, Mozart Claret. E foi ao som contagiante do saxofone e do carisma e gingado de Saroldi, que interage com o público, passando de mesa em mesa, que as pessoas entraram no clima, cantaram, bateram palmas e dançaram na última quinta-feira.

Sobre suas passagens por Belo Horizonte, o saxofonista lembrou de shows antológicos que fez na cidade com diversos ícones da música brasileira, como Gilberto Gil, Fagner, Erasmo Carlos e Guilherme Arantes. O primeiro show na capital mineira foi no Mineirinho, em 1980. “Eu era muito jovem e foi uma noite incrível, que me marcou. O estádio estava lotado por causa das apresentações de Fagner, Moraes Moreira e Alceu Valença.”

História – Descendente de pais italianos e neto de avôs maternos mineiros, de Carangola, Beto Saroldi justifica sua paixão e raízes com Minas Geras. Ressalta que incentivo de sua família foi muito importante para sua carreira. “Minha casa era musical. Na infância eu já ouvia Milton Nascimento. Minha mãe adorava Nat King Cole. Já meu pai ouvia músicas clássicas e óperas italianas”.

Aos 11 anos, Saroldi ganhou de presente de aniversário uma bateria e, logo, começou a tocar em uma banda porque não tinham um baterista. “Meu bairro, Tijuca, era musical. Foi lá que surgiu a Jovem Guarda. Ivan Lins e Tim Maia nasceram lá. À época, eu tocava rock”. Depois que a banda se desfez, o saxofonista começou a estudar flauta na Escola de Música Villa-Lobos por influência do Jethro Tull, Genesis, Yes e outras bandas de rock progressivo. “Um dia meu professor de música, Paulo Moura, puxou assunto no corredor da instituição e me perguntou se eu gostava de rock, pois eu tinha um cabelão. Respondi que sim. Perguntou também se eu já tinha escutado Myles Davis e John Coltrane. Eu neguei. Foi assim que comecei a fazer a transição musical por meio de conhecimento da música negra americana”.

Estudioso e disciplinado, Saroldi fez sua estréia como músico em 1975 com Eduardo Duzek. Foi acompanhando músicos mais velhos e experientes que o saxofonista ficou amigo dos integrantes do Som Imaginário, Wagner Tiso, Lô Borges, Nivaldo Ornelas e toninho Horta.

A grande conquista foi em 1979. “Estava jantando e encontrei o Wagner num restaurante no Leblon. Ele me disse: cara que bom que você está aqui. Eu vou fazer uma turnê com Lô Borges, você quer participar? Eu disse sim. Foi um convite maravilhoso para um menino”, explica.

De lá para cá, com 42 anos de carreira, Saroldi se apresentou com grandes músicos nacionais e internacionais. Participou com Gilberto Gil de renomados Festivais de Jazz pelo mundo dividindo noites com Miles Davis, B.B. King, Paco De Lucia, Albert King, Lionel Hampton entre outros. Gravou sucessos de Erasmo Carlos, seu DVD “Erasmo Ao Vivo” e participou do especial de fim de ano do Rei Roberto Carlos, e da homenagem do Prêmio Shell a Roberto & Erasmo pelo conjunto da obra. Participou de um momento histórico na Música Brasileira, com a aprovação da PEC da Música. Foi o primeiro saxofonista a tocar no Congresso Nacional Brasileiro.

Fotos: Anna Ftg
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