Coberturas

No MUMO – Museu da Moda de Belo Horizonte aconteceu o coquetel de abertura da exposição individual “Torsos e Outros”, de autoria da artista plástica Zélia Mendonça, no dia 20 de agosto, que conta com a curadoria de Enoch Nascimento.

A mostra é ilustrada por peças inusitadas elaboradas com fuxicos, botões, contas, linhas, restos de souvenires, sucatas e objetos adquiridos através de pessoas, originando trabalhos mágicos, com uma pegada sofisticada, mas remetendo também ao popular, pautados na reciclagem e memórias.  

Zélia Mendonça foi criada dentro de um antiquário, onde foi levada a colecionar e produzir arte como se fosse o ar que respira desde muito nova. Dessa forma, desenvolveu um critério próprio que se metamorfosearia e materializaria em peças. Quase como um transbordamento, como se esperasse um longo tempo em ebulição para este momento da sua vida. 

A artista, que é autodidata, desde os anos 1990 já desenhava móveis para sua loja. Conduzida pela intuição, sempre procurou trazer para o mundo seus sentimentos e ideias, libertando através dos objetos significados, assim como provocando novas possibilidades de interpretação. Tanto que, no curto período que assumiu por completo o ofício, participou de várias coletivas no Brasil, Estados Unidos, Portugal, França, Espanha, Austrália, Áustria e Canadá.

Segundo Zélia, suas obras possuem um elemento discursivo que facilita o diálogo com outras experiências.  Vislumbra em cada objeto restos de vários lugares, pois cada badulaque é uma representação de parte das pessoas e suas histórias. Unindo os mesmos, procura uma forma de alteridade, a fim de despertar a emoção dos indivíduos através do todo e do particular. Onde o primeiro se realiza pelo olhar menos localizado e o segundo surpreende em rearranjos de objetos coloridos.  Além, é claro, da ideia de reciclagem ligada à de ressignificação e representação, meu trabalho também é memorialístico.

“Procuro na minha infância elementos universais que toquem e irmanam as pessoas. Levar para o mundo a experiência que vivi com as mulheres da minha família de São João del Rei. Um trabalho doméstico que sustentava a casa ao mesmo tempo em que provocava íntimas transformações individuais no processo laboral. O incentivo que a minha alegria criativa precisa para ir além”, concluiu Zélia.

O curador de arte, Enoch Nascimento, salientou que em novembro Zélia fará uma exposição solo em Portugal com as telas de assemblage que tem produzido e pinturas. Através de seu contato, em parceria com a Bienal de Cerveira, a artista plástica e seu curador estão trabalhando para realizar em São João del-Rei, terra natal de ambos, a primeira Bienal Internacional de Arte de São João del-Rei, onde o Instituto do Patrimônio local cedeu local próprio para a Fundação da Bienal Internacional de Arte da cidade (FUBIAS). Contará com o apoio de outras bienais do Brasil e fundações de arte para desenvolverem o polo artístico da cidade.

“Zélia e eu somos amigos há muitos anos, promovemos muitas mostras, mas esta é a segunda vez que apresentamos a exposição “Torsos e Outros”. O evento é importante porque reúne um trabalho primoroso da artista, composto por coletânea de obras acumuladas durante certo período de tempo, ilustrada por torsos elaborados com material reciclável. Zélia é muito preocupada com o meio ambiente, um fato que influencia sua produção e, ao mesmo tempo, é uma artista crítica. Observamos, por exemplo, a tela "Paisagem Possível" - paisagem do Rio de Janeiro, onde podemos ver relógios, bala perdida, conchas do mar, botões e inúmeros outros detalhes. Esses objetos nos remetem a um universo de elementos que transmitem múltiplas informações, fazendo com que eu aprecie muito as obras de Zélia Mendonça”, finalizou Enoch”.

Nos dias 29 e 30 de agosto, as artistas Zélia Mendonça e Kátia Cunha, ministrarão a Oficina de Roupa Papel.

Visitação gratuita até 27 de agosto. Horários: terça a sexta, de 09h às 21h. Sábado e domingo de 10h às 14h. MUMO – R. da Bahia, 1140 – Tels: 32771181 – 991733968