Coberturas
Exposição no CRM comemora 35 anos do Grupo Mineiro de Moda
Centro de Referência de Modas, 31/08/2015
Por Luiza Miranda
Recordar os anos 70, 80 e 90 é ir de encontro ao que estas décadas representaram nos âmbitos social, cultural e econômico, ocasionando uma grande revolução de costumes. Faz parte deste contexto o Grupo Mineiro de Moda que, no início de 1980, criou uma associação de moda na cidade, pautado na premissa de que o cooperativismo seria uma forma de alcançar vários objetivos, assim como proporcionar visibilidade ao negócio e posicionar Minas no circuito dos negócios da moda nacional.
A fim de retratar o movimento ocasionado pelo grupo, a Fundação Municipal de Cultura realizou no dia 31 de agosto, com curadoria do estilista Renato Loureiro e projeto expográfico do arquiteto Pedro Lázaro, no Centro de Referência da Moda de Belo Horizonte (CRModa), a abertura da exposição “Grupo Mineiro de Moda - # Na Vanguarda dos Anos 80”, reunindo os talentos da época, personalidades da moda do país e da cidade.
De acordo com Marta Guerra, gestora do CRModa, a mostra será o primeiro registro histográfico sobre a importância deste grupo de estilistas que mudou o trajeto de identidade da moda mineira que foi consolidada e obteve expressão própria.
O arquiteto Pedro Lázaro considerou: “Quando me convidaram para produzir o espaço fiquei muito entusiasmado pelo fato da importância do movimento, devido à sua força representativa no que tange à cultura de moda. A juventude do Brasil coloca o GMM como início de formação da cultura de moda, como fenômeno social, expressão criativa, estrutura de pensamento que reflete tempo, comportamento social e projeta a moda não somente como roupa, mas como pensamento de identidade pessoal. O que desencadeou processos múltiplos quanto à criação artística em vários segmentos no país inteiro. Como um expectador do movimento na época, o grupo influenciou na minha carreira e descobri o que eu queria fazer. Dessa forma, comecei a pensar na exposição baseado no que o grupo gerou como um todo, elaborando uma estrutura imagética que traduz o quanto eles eram contemporâneos na época, visto que todos os elementos mostrados são atuais, atemporais e com uma qualidade absurda. Esta exposição proporcionará muita referência para futuras gerações quanto à compreensão de construção de pensamento de criação de imagem e de conteúdo de moda, sendo que participar de tal é muito prazeroso e um grande aprendizado”.
A escritora, editora de moda da revista Domingo, do caderno B, do JB e autora do blog Estilo Iesa, fundado há vinte anos e que realiza cobertura de todas as temporadas internacionais do circuito Paris-Milão-NY, Iesa Rodrigues, comentou: “Vim para Minas, a convite do GMM, que acompanho desde que foi criado, tendo a surpresa de encontrar o maravilhoso espaço do CRM, o único no Brasil que eu conheça e confesso que fiquei impressionada. No Rio existem projetos de espaços similares, mas que não foram ativados, portanto escreverei a respeito e espero que este exemplo de ação seja seguido por outros pólos de moda importantes. Acho sensacional que Minas tenha saído na dianteira como um marco representativo das atividades relevantes que marcaram o grupo no panorama nacional e que agrega muita positividade para a moda”.
Considerado o embrião de todos os movimentos que surgiram na moda de Minas Gerais, inclusive o atual Minas Trend, O Grupo Mineiro de Moda (GMM) transformou Belo Horizonte em um polo lançador de tendências, destino imperdível para lojistas e jornalistas de todo o Brasil e, além de várias contribuições, está o fato de ter despolarizado a moda do eixo Rio – São Paulo. A cooperativa fundada pelo grupo contemplou várias ações em prol da moda, arte, cultura, arquitetura, design, hotelaria e gastronomia.
O grupo iniciou com as grifes Artimanha (hoje Mabel Magalhães), Allegra, Art Man, Bárbara Bela, Comédia, Femme Fatale (depois Eliana Queiróz), Frizon (sociedade de Cláudia Mourão com Mônica Torres, depois Mônica Torres), Patachou, Pitti (depois Renato Loureiro), Straccio (substituída, mais tarde, pela IBZ). A Printemps, grife comandada por Sônia Pinto, também participou do processo de criação do GMM, mas teve curta passagem, sem participar de nenhum dos memoráveis desfiles promovidos pelas marcas associadas.
Vários desfiles ocorreram nas duas décadas em que o GMM se manteve ativo, alguns polêmicos e a maioria deles produzidos pelo renomado Paulo Ramalho, com edição de moda da jornalista Regina Guerreiro e casting de modelos famosos. Em 2012 o Grupo Mineiro de Moda se apresentou pela última vez, em desfile no Centro Universitário UNI-BH, evento assinado pelo stylist Paulo Martinez.
A exposição fica em cartaz até o dia 20 de dezembro e tem entrada gratuita.
Fotos: Annaftg
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