Coberturas
Rogério Zola Santiago lança livro "Exercícios de Partida" no Automóvel Clube dia 26 de setembro
Automóvel Clube, 20/09/2019
Por Luiza Miranda
Pela editora Páginas, de Leida Reis, vem a público o livro “Exercícios de Partida – Metáfora Clandestina”, de autoria de Rogério Zola Santiago, que será lançado em grandioso evento cultural no Automóvel Clube de Minas Gerais, no dia 26 de setembro, a partir de 18 horas.
A obra, que levou 30 anos para ser terminada, está prefaciada por Fábio Lucas, o maior crítico em língua portuguesa no mundo. Conta com ilustrações de Angela Geo, Yara Tupinambá, Inimá de Paula, Eymard Brandão, Márcio Zola Santiago, Joanna Scharlé, Ana Amélia Diniz Camargos, Giulietta Santino, dentre outros, e tem traduções em inglês de Lloyd Schwartz, ganhador do prêmio Pulitzer de Crítica. As fotos antigas estão emolduradas pela arte de Angela Geo.
A programação do evento inclui exposição de Angela Geo e de Mauro Silper; bonecaria de Agnaldo Pinho; apresentação de dança da Cia Hula Hula Dancers, com bailarinas de Maristela Knowles; dança afro-brasileira de Marlene Silva e de pessoas com deficiência da Cia Crepúsculo de Dança, lideradas por João Bosco Veras. Além de show da Banda Free Soul BH, com performance de Emmerson Cardoso e Sônia Leão; Cia Dúnyah Zaidam e equipe; Grupo Bell’Art, com Cecília Delfim; Maristela Robusti com grupo da AMED – Associação Mineira de Ensino de Dança e Grupo Gil Vicente de dança folclórica portuguesa.
Rogério Zola Santiago é Mestre em Comunicação (Jornalismo e TV) pela Indiana Univesity, USA. Foi assessor cultural do USIS (Embaixada dos EUA). É escritor (oito obras) e crítico de arte. Lançou anteriormente “Draga”, “Fragatas e Silêncios”, “Terra Brasilis” e “Tudo sobre a Falta de Educação”. O tomo atual contempla cinquenta anos de prática do autor, mostrando em seus capítulos a importância de ler, estudar, aprimorar a elaboração de textos por meio da prática.
Segundo Santiago, neto de Baptista Santiago, amigo de Drummond e Guimarães Rosa (cartas no livro em lançamento), a relação com Portugal está inserida em sua vida e consta da abertura do livro, em foto que ilustra seus ancestrais portugueses. Devido a isso, procurou a amiga empresária portuguesa Maria Vitória Campos Ferreira Capelão, proprietária da empresa ORMIMAQ. Os pais de Francisco Capelão eram amigos dos avós de Santiago. Assim, idealizaram o Troféu Cultural Empresário Francisco Luiz Capelão, que será entregue a um grupo seleto.
Aos sete anos Santiago foi aluno de pintura dos mestres Arlinda Correa Lima e Inimá de Paula, no Instituto Brasileiro de Psicologia e Educação pela Arte. Arlinda foi a primeira Arte Educadora de Minas Gerais e em suas aulas ela solicitava aos alunos que tampassem os olhos para desenhar, algo inovador que Rogério vivenciou e que diz ter aprendido. O pai, Janos Plínio Capanema de Andrade Santiago, foi Engenheiro Urbanista e SANITARISTA, O MAIOR CONHECEDOR DA LEI DE USO DO SOLO EM MINAS. Exímio caricaturista, tanto que está no livro caricatura que ele fez da esposa, Therezinha Miranda de Almeida Zola Santiago, arquiteta, desenhista e retratista. O avô, Batista Santiago era poeta e fiscal de ensino. O tio avô de Rogério, ministro Gustavo Capanema, foi grande incentivador da educação e da cultura brasileiras. Zola Santiago foi educado nesse meio, atraído por esse modus vivendi, mas ao mesmo tempo, voltado para a natureza, protegendo os animais e defendendo os idosos e os direitos humanos.
Seu livro “Exercícios de Partida” fala sobre amor pela Vida, versando sobre as despedidas maiores e menores que vivenciou. E discursa sobre a Morte de modo sublime, bem-humorado e libertador. A principal forma de amor elucidada na obra vai ao encontro da arte, da literatura, rumo ao manuseio da palavra e sua utilização como forma de expressão, inclusive a enigmática. Fábio Lucas salienta no prefácio “...o autor se expressa através da emoção e do enigma”, visto que na poesia se faz necessário o enigma.
As lindíssimas ilustrações foram selecionadas a dedo e combinam com a busca do autor pela libertação interior, a partir de um dia a dia fugaz. O livro Exercícios é composto por uma escrita memorialística, na qual em verso e prosa e mesclando-os, o escritor revela nossas origens portuguesas, indígenas, francesas, italianas, alemãs e negras. Exposta fica a negação da miscigenação recusada por muitos brasileiros: pela primeira vez, escreve-se de temas polêmicas por intermédio da poesia de modo tão inovador.
O escritor Afonso Romano de Sant'Anna ressaltou: “...a poesia de Santiago destampa o silêncio”. Fábio Lucas disse: “... Santiago produz rimas internas que soluçam”. Ione Grossi considerou que “este autor possui um velar e desvelar, como se fosse um lusco fusco de fundo de caverna, e a luz talvez seja dada pela interpretação jogada pelo próprio leitor em cima do texto”. O enigma pode ser desvendado ou não, porque poesia não precisa ser totalmente compreensível, podendo ser intuída em nível de inconsciente.
Alguns críticos, na parte "Diálogos", opinaram que a obra possui um aspecto didático pois os poemas são acompanhados dos comentários a seu respeito e Rogério salienta: “O livro é pautado em fatos profundos retratando, entre outras, a história narrada pela professora da UFMG, Ione Grossi, torturada na ditadura. Assim como o assassinato da famosa modelo Ana Paulina, nos anos 70, que morava ao lado de nossa casa em um prédio que foi invadido pelos militares. Não têm como falar que não existiu ditadura. Perguntam como transformo estes fatos em poesia, mas, consegui. Minha poesia é prosa ritmada, mas prosa também pode ser poesia e, dessa forma, ocasionamos inovações. Como sou crítico de arte, literatura, cinema e artes plásticas, selecionei uma crítica de cada uma dessas áreas e adicionei-as ao livro que é dividido em várias etapas como a de poesia, crítica e diálogos”.
“Iniciei o livro em 1986, quando escrevi uma série de poemas em cima de um livro do João Cabral de Melo Neto. Há quarenta e três anos elaboro este lançamento. E parece que Deus perpetrou que eu passasse por perdas relevantes de entes queridos. Transformei as emoções dessas avarias em poesia, daí meus (nossos) “Exercícios de Partida”. Constam fortes revelações. Não busco soluções para a vida e nem para o Brasil, pois não acredito em partido algum. O registro poético inclui a metáfora, utilizada quando 'poetizamos', mas certos fatos falam por si, e são o que chamo de metáforas em clandestinidade. “Exercícios de Partida – Metáfora Clandestina”, se a metáfora já nos é oculta, imaginem a clandestina...”, ri e finaliza Rogério Zola Santiago.
Créditos das fotos: Juliano Moraes, Rogério Zola Santiago, Danilo Oliveira, Valdez Maranhão, Anna Castelo Branco, Ilana Lansky.
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