Coberturas
Idoso lança livro sobre a sua paixão e dedicação à corrida
Leitura do BH Shopping, 03/11/2016
Por Fernanda Martins
A população brasileira está envelhecendo, e a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia Estáticas (IBGE) é que, até 2060, o Brasil tenha cerca de 19 milhões de pessoas com mais de 80 anos. Para se ter uma ideia, nos anos 1980, esse número não superava 1 milhão. Junto ao aumento da expectativa de vida das pessoas chegou um novo estilo de vida do idoso. Com Afonso Cappai de Castro, 72, a história é bem essa.
Afonso é pai, avô, consultor e corredor. E com ele não tem essa de “falta de tempo”. Tanto que sedentarismo não é uma palavra que integra o cotidiano desse senhor, que esbanja vitalidade. “Minha maior motivação é a recompensa de uma vida com mais qualidade. Voltar de uma corrida na qual você se levantou, às vezes, às 4h ou 5h, no escuro e com frio, não tem preço. Não me deixo sabotar pelos pensamentos negativos. Eu gero motivação me exercitando. Meu pensamento prioritário é: ‘Tenho de ir em frente e cumprir a minha meta’. A meta mensal é de 192km; e a anual, 2,3 mil quilômetros. Estou com ela sob controle”, fala todo orgulhoso.
Foi na corrida que Cappai encontrou a válvula de escape que precisava para lidar com o estresse do dia a dia e com o ritmo intenso de trabalho. “Foi a minha salvação. Hoje, gerencio a minha vida com muito mais inteligência e resultado”, conta Afonso sobre o início de uma paixão. Tudo começou em outubro de 1979, aos 35 anos, e há 37 ele corre ininterruptamente.
E essas caminhadas (na verdade, corridas) renderam o livro Paixão por Correr, que será lançado no próximo dia 3 (quinta-feira), na loja Leitura do BH Shopping. “É o sonho se transformado em realidade. É mágico ver sua história escrita e divulgada para pessoas que você conhece e para outras que não pertencem ao seu meio, mas que enxergam valor na história de uma pessoa com 72 anos que consegue, com muita qualidade, viajar, trabalhar e correr sem nenhuma dificuldade e com desenvoltura. Isso é relevante.”
O livro conta bem essa história de como as ruas se tornaram uma extensão da casa de Afonso. Ele traçou uma meta pessoal, e a ideia é correr a distância equivalente a uma volta ao mundo imaginária, que passa pela Linha do Equador – que, no Brasil, corta os estados do Amapá, Pará, Amazonas e Roraima, totalizando 40.075 quilômetros. “É como se eu tivesse partido de Macapá, em outubro de 1979, em direção ao Oceano Pacífico, contornado o mundo. Hoje, estaria ‘correndo’ em pleno Oceano Atlântico. Já são mais de 35 mil quilômetros. Não tenho barriga negativa nem corpo sarado. Não sou um atleta de alta performance, mas a minha performance é alta. No ano passado, minha meta era de 2,2 mil quilômetros, mas corri 2,25 mil quilômetros. Este ano, ela é de 2,3 mil quilômetros”, conta o escritor, corredor e consultor.
O Projeto Linha do Equador Virtual (linhadoequadorvirtual.com.br) consiste na divisão da Linha do Equador em 24 espaços, nomeados por Afonso como Desafios. “Já estou no Desafio de número 21. Cada Desafio possui 1.669,79 quilômetros, fechando, assim, o total de 40.075 quilômetros. Pela minha performance, deverei completar a ‘volta ao mundo’ em três anos”, explica. Nessas andanças, o que não falta é gente querendo saber se ele já completou a volta.
A prova de que Afonso tem sido inspiração para muita gente vem das redes sociais. Tanto que, recentemente, ele bateu a marca de 10 mil seguidores, que, segundo Afonso, buscam conselhos, têm engajamento e o incentivam a continuar com o projeto.
História inusitada
Afonso trabalha viajando durante a semana, como consultor, e só volta para a casa aos fins de semana. Por isso, a ideia é sempre achar um lugar para correr, independentemente do local em que ele esteja hospedado. Dessa forma, ele já passou por algumas situações inusitadas, já correu com frio absoluto ou muito calor. “Já tive que correr de muito cachorro. Na verdade, mais de 10 vezes. Mas nunca nenhum conseguiu me pegar, graças a Deus! Mas é um sufoco danado [risos]. Certa vez, tropecei num quebra-molas, às 5h, ainda no escuro. Caí de quatro e me esfolei todo. Por desaforo, não parei. Eu me levantei e corri os 14km, que era a meta do dia. Quando cheguei ao hotel, a minha imagem era horrível. Parecia que tinha trombado com um caminhão. Eram, porém, apenas escoriações. Mas que era uma boa desculpa para desistir da corrida naquele dia, isso era. Fui em frente, pois desistir é fácil. Sou chato, insistente e com foco na meta”, conta entre gargalhadas.
Para o futuro, Afonso, como já correu nas 27 capitais dos estados brasileiros e em mais de 160 cidades, pretende, a partir de 2017, começar a correr em todos os países da América do Sul. “Depois, quem sabe na América Central e na do Norte. Pretendo também correr os últimos 20km do Projeto da Linha do Equador Virtual na própria Linha do Equador. Penso que será em Macapá, acompanhado de minha família, netos, amigos e admiradores do meu projeto, que ocorrerá no segundo semestre de 2018. A lista de inscrição já está aberta no site e já temos quase 30 inscritos.”
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