Coberturas

Gariglio e Bottaro inauguram exposição na Galeria Beatriz Abi-Acl

Galeria Beatriz Abi-Acl, 03/11/2021
Por Luiza Miranda

A abertura da mostra “Sob a Luz do Campo”, que apresenta obras de Baptista Gariglio Filho e Wagner Bottaro, aconteceu na Galeria Beatriz Abi-Acl, no dia 04 de novembro, sendo prestigiada por familiares, artistas, amigos, imprensa e colecionadores, que comemoraram com os artistas plásticos o sucesso do evento.

A mostra reúne quadros a óleos, de autoria de Gariglio e aquarelas de Bottaro, pintados "en plein air" (ao ar livre), desenvolvidos por esses amigos durante muitos anos de aventuras no campo, no qual enfrentaram muitos contratempos para executá-los.

Importante ressaltar que a atividade de pintura no campo teve início no Brasil no século XIX, pelo mestre Georg Grimm, professor de paisagem da Academia Imperial de Belas Artes.

Considerando as constantes degradações do meio ambiente e dos patrimônios históricos, as pinturas de Gariglio e Bottaro possuem relevante papel no que tange à retratação de matas, montanhas, riachos, casarios e igrejas mineiras. Dessa forma, imprimiram seus talentos nos quadros, a fim de conscientizar o expectador quanto à importância da preservação desses bens de extrema grandeza para o ser humano.

Os artistas, como amantes da natureza e que tiveram influência dos seus tios - os pintores Alberto Braga e Euclides Bottaro, venceram todas as adversidades durante dois anos de estrada para executar um ato raro atualmente – o de pintar no campo, mas foram contemplados com a satisfação das obras expostas.

Gariglio comentou sobre o evento e o longo processo que percorreram para a realização do mesmo:

“Essa exposição foi idealizada com o intuito de acontecer em maio do ano passado, mas tivemos que adiar devido à pandemia. Acho que o resultado é um coroamento de uma atividade pictórica que eu e Wagner praticamos há muitos anos. Conheci o Wagner em 1987, no Festival de Inverno da UFMG em São João Del Rei, sendo que nas horas vagas dos cursos que fazíamos, sentávamos nas calçadas das ruas da cidade e nos dedicávamos ao desenho ao ar livre. Criamos amizade e passamos a pintar no campo, exercitando uma atividade que herdamos dos nossos tios”.

“A mostra foi pautada na concepção de apresentar ao público uma atividade realizada de modo especial, sendo que a maioria dos artistas pararam de pintar no campo devido a diversos fatores como, por exemplo, a insegurança e outras dificuldades. Achamos que é importante essa prática para o desenvolvimento da nossa pintura, além de propiciar uma interação holística junto à natureza”.

“O trabalho no campo é diferenciado, pois o método utilizado no mesmo aporta à obra de arte características únicas no tratamento do jogo de luz e sombra, assim como a atmosfera das paisagens, peculiaridades que não transparecem com a mesma evidência na pintura no atelier. Nesse sentido, a nossa proposta de trabalho enfatiza a iconografia das ricas paisagens mineiras, muitas das quais um dia poderão desaparecer.

“Nessa exposição algumas das paisagens que pintamos, infelizmente, já mudaram de aspecto ou mesmo não existem mais. Por meio da representação pictórica, buscamos eternizar, com lirismo, registros que levam ao expectador à reflexão quanto à necessidade da preservação da natureza e do legado histórico”, finalizou Gariglio.

Wagner Bottaro salientou: “Em nossas pinturas no campo apresentamos trabalhos menores porque não há condição de pintar grandes obras neste ambiente. Os ângulos das obras produzidas a óleo e aquarela são os mesmos, pois geralmente colocamos o cavalete ao lado um do outro e observamos a mesma cena. Porém, o local necessita ter uma sombra que dure pelo menos quatro horas, mas como a luz do sol está sempre em movimento, tínhamos que ser rápidos e escolher o melhor ângulo”.

“Ao observar a luz no meu trabalho e no do Gariglio percebemos que o resultado é diferente, pois cada um possui uma interpretação da paisagem e uma visão própria de desenho, espaço, luz e sombra. O tema é o mesmo, mas o efeito é totalmente diferente, inclusive devido ao emprego de técnicas e materiais distintos. Considerando que a pintura a óleo é mais densa e na aquarela utilizo o branco do papel como luz, assim não emprego tinta branca”.

“Hoje realizamos nosso sonho, que culminou nessa mostra, mas passamos muito aperto para realizar as atividades no campo. Vivenciamos situações embaraçosas no decorrer do trajeto, mas quando terminamos é maravilhoso. Sofremos, porém tivemos persistência para terminar o trabalho almejado”, concluiu Bottaro.

A exposição fica em cartaz de 05 de novembro a 04 de dezembro - De segunda à sexta de 09h às 18h e sábado de 09h às 13h

Galeria Beatriz Abi-Acl

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