Coberturas
Exposição “Favelas” da artista Mônica Mendes acontece na Gilda Queiroz Galeria
Galeria de Arte Gilda Queiroz, 06/11/2019
Por Luiza Miranda
A artista plástica Mônica Mendes realizou um coquetel na abertura de sua mostra individual “Favelas”, no dia 07 de novembro, na Galeria de Arte Gilda Queiroz, reunindo um grande público de amigos, familiares, artistas e imprensa.
A exposição apresenta telas de cores vibrantes e provocativas, que ilustram seu olhar sobre a favela Morro do Papagaio, mostrando detalhes de sua vida, seus talentos, suas histórias e seus dramas. O tema foi escolhido devido ao fato de que Mônica, quando morava em Belo Horizonte, foi vizinha da comunidade. Dessa forma, as pinturas englobam sua afetividade e inquietude frente à desigualdade no Brasil.
A artista estabeleceu nos últimos dois anos um relacionamento com a comunidade do Morro do Papagaio, através de Valentino, um artista que promove projetos e ações no local. Aprendeu que, para falar de dentro para fora da vida das pessoas ali, é preciso ser um deles, conviver e se inserir cada vez mais em propostas coletivas.
Mônica nasceu em Belo Horizonte, Brasil, onde se graduou em Relações Públicas. A artista plástica trabalhou nesta área por dois anos, antes de se mudar para o Peru e mais tarde para os Estados Unidos. Em Miami exerceu a profissão de Personal Trainer por 15 anos. Profissões que lhe propiciaram grande insight quanto às expressões físicas e verbais do ser humano, contribuindo para formar a maneira como ela enxergava o seu redor, sendo fonte de procedimento como artista.
Desde criança Monica despertou paixão pela arte, seguindo os exemplos de sua avó, tia e mãe, amantes das artes e artistas dedicadas. Mas iniciou sua trajetória artística somente em 2009, quando abriu seu próprio estúdio. Seu compromisso ocasionou seu mestrado em belas artes em 2016, pela Academy of Art University em São Francisco. Artista premiada, participa regularmente de várias exposições, feiras e salões de arte pelo mundo.
Mônica salientou que “O tema da exposição, em que apresento telas inspiradas no meu sentimento sobre as favelas, vai de encontro a um mundo mais igualitário e com oportunidades para todos. “Gostaria de esclarecer que não pretendo dar voz para os moradores, pessoas inteligentes, organizadas e articuladas. Favelas ilustra minha visão do lado de fora. As desigualdades sociais sempre me incomodaram, visto que os governos não dedicam atenção necessária para proporcionar infraestrutura e uma vida mais digna para os moradores das comunidades. Enquanto houver pessoas com dificuldades, todos sofrem com essa realidade. Considerando que minha inspiração sempre foi gente, e pelo fato da favela retratar o Brasil, gostaria de através da arte furar as bolhas e construir pontes e derrubar preconceitos, a fim de que os dois lados possam viver em harmonia e com ajuda mútua”.
"A ideia é levar para dentro das galerias de arte o que só vemos de fora. O que não nos entra pela pele, o que aprendemos a anestesiar. Ampliar o superficial, já que é pela lente da superficialidade que a classe média, de maneira geral, olha para a favela: sem se propor a conhecer a cidade dentro da cidade. Em que lado habita a ignorância? Dentro? Fora? Eu abordo o olhar de fora para dentro, esta superfície da paisagem. Ao trazer o cenário para as telas e colocá-lo no centro do olhar de quem visita a galeria, provoco a interrogação que falta às afirmações cotidianas. O que era uma paisagem alcança um novo ponto de contato".
“O quadro que pintei sobre a Mariele foi doado para a Redes da Maré, uma instituição no Rio de Janeiro que atua em prol da mesma. Ela é uma bandeira, representa todo o grito do brasileiro e seu trabalho em prol das comunidade era de grande importância” conclui Mônica.
Tino Gomes, que possui quase cinquenta anos de carreira atuando em vários segmentos artísticos com cantor, compositor, escritor de obras infantis, ator, humorista, dentre outros, comentou: “Conheci o trabalho da Mônica numa exposição no Museu Inimá de Paula, e fiquei estarrecido com a quantidade de obras de tamanha qualidade, inspiração e desvelo em seu desempenho. Comecei a acompanhar suas atividades, me deparando com pinturas belíssimas da favela e novamente repletas de emoções”.
“Considero Mônica uma artista super carinhosa, generosa e com grande sensibilidade. Fizemos uma parceria, na qual ela dará vida ao pincel e eu proporcionarei vida musical às suas pinturas, que se chama Catopezeira Brasilis II, pois atuo com Catopê, uma variação da congada, há anos em Montes Claros. O nosso outro projeto se chama do Jequitinhonha ao Tennessee, um disco que escrevi do início de minha carreira e faremos a mesma coisa. Ela ilustrando o Jequitinhonha nas telas e eu dando vida com a música a esses quadros. A arte é em função do próximo. Ela é livre. No mundo nada caminha sozinho, pois temos que dividir para multiplicar”, conclui Tino.
EXPOSIÇÃO FAVELAS
Monica Mendes – monicamendesartist.com
Galeria Gilda Queiróz. - Rua Viçosa, 229 – São Pedro - Tel (31) 3223 4528
Visitação até 06 de dezembro de 2019 - Entrada gratuita.
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