Coberturas
O encanto abstrato de Cláudia Coutinho
Museu Inimá de Paula, 18/11/2015
Por Vitor Cruz
“Vivemos, constantemente, querendo nos afirmar. O artista é um privilegiado, pois às vezes, ele deixa de ser um caçador de sentidos para se transformar em um encantador”. Assim a artista plástica Cláudia Coutinho define sua nova exposição, ‘Por Um Amor Maior’, inaugurada nesta quarta-feira (18), no museu Inimá de Paula. São 26 obras, em acrílica sobre tela, que seguem a vertente do expressionismo abstrato e traduzem, de maneira peculiar e intimista, a visão de Cláudia sobre diferentes emoções humanas. A exposição pode ser visitada até 17 de janeiro, com entrada gratuita.
Pela primeira vez, Cláudia expõe no Inimá de Paula. O trabalho da artista é fundamentado em um processo longo e paciente de autoconhecimento. Para chegar à conclusão de que poderia encantar muito mais do que buscar sentido, Cláudia precisou olhar para dentro e entender qual era o seu chamado na arte. Descobriu, então, que a pintura abstrata seria a melhor forma de dar vazão aos sentimentos. Alegria, tristeza, paixão, ódio e doçura foram ganhando formas e cores, de acordo com a fase que estava vivendo.
“Esse tipo de pintura que eu faço é uma brincadeira. Eu pinto de uma forma muito solta, como se eu tivesse voltado a ser criança. É uma entrega à pintura, à arte, uma autoanálise que se transforma em quadros”, aponta. A possibilidade de instigar o público e criar diferentes interpretações de um mesmo trabalho são as principais características da pintura abstrata, na visão de Cláudia. E as obras podem significar tudo – ou nada – para o visitante. E é assim que a artista quer que o trabalho seja visto ou, melhor, sentido, pelas pessoas.
“Por um Amor Maior” é uma alusão à forma como Cláudia se entregou na criação desta série que reúne 26 quadros, entre dípticos e trípticos, e que refletem a paixão que ela sente pela arte. O jogo de cores, formas e texturas aponta intensidade, leveza e tantas outras interpretações que a exposição provoca. Movida pela intuição na hora de pintar suas telas, Cláudia define seu trabalho como livre, sem nenhuma preocupação com tema. “Eu até digo às vezes que falo daquilo que nem sei. Isso é bacana, deixar o inconsciente fluir, e eu mesma me surpreendo com o que acontece depois”.
Algumas telas selecionadas para a exposição foram revisitadas, repintadas e reinventadas. “Muitos quadros cansaram do meu olhar, e vou aproveitando pra mexer. Eu gosto disso, de refazer. Aliás, a própria pintura e reinvenção da vida”, conta a artista. Para ela, transformar essas obras, e acrescentar detalhes, é uma maneira de se reencontrar. “Às vezes eu pinto e não entendo o que eu fiz. Depois de algum tempo, eu olho novamente o quadro e entendo o motivo de ter pintado aquilo.”
Natural de Tapiraí, no oeste de Minas Gerais, e graduada em Artes Plásticas pela Escola Guignard, Cláudia Coutinho também é psicóloga e cronista. Antes de se descobrir como artista abstrata se aventurou no estilo impressionista. “Eu pintava paisagens e flores. Vendi muitos quadros assim. As pessoas gostam”, brinca. O gosto pelo expressionismo abstrato surgiu quando ela passou a estudar o trabalho de artistas contemporâneos, como Henri Matisse, Willem de Kooning e Hans Hoffman.
Embora tenha adotado esse estilo, Cláudia aponta que o abstracionismo, especialmente o expressionista, é uma linguagem que precisa ser mais diluída no país. "Muitos olham a pintura abstrata buscando formas e explicações. Ainda não aprenderam a sentir os efeitos da arte em seu inconsciente. Eu passei a me sentir bem de ver o jogo de cores, o movimento, sem necessidade de explicação nenhuma”, explica.
A exposição ‘Por Um Amor Maior’ pode ser visitada no Museu Inimá de Paula até 17 de janeiro. Outras informações pelo telefone (31) 3213-4320 ou no site www.museuinimadepaula.org.br. A entrada é gratuita.
Fotos: Daniel Marcos
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