Coberturas
IV Prêmio Zumbi de Cultura homenageia os destaques da arte negra de BH
Auditório da Biblioteca Pública, 19/11/2013
Por Elmo Gomes
O mês de novembro no Brasil é marcado pelas comemorações da comunidade negra como o da Consciência Negra, que tem seu dia festejado no dia 20 do mês corrente, e também pela celebração dos 318 anos de morte e luta de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros que somente com sua morte conseguiram calar a sua voz, mas sua memória inspira até hoje em dia as manifestações contra a escravidão e opressão do povo negro neste país. Mesmo passados 318 anos de sua morte Zumbi é uma referência na luta e resistência da cultura africana em nosso país.
Como uma forma de homenagear este ícone negro, a coreógrafa Júnia Bertolino, diretora da Cia Baobá de Dança – Minas criou o prêmio Zumbi de Cultura, que tem como objetivo conscientizar, promover, ampliar e reforçar na sociedade um maior entendimento sobre os valores da cultura negra em Minas Gerias. O Prêmio Zumbi de Cultura reconhece dez artistas ou personalidades que se destacaram no desenvolvimento e promoção das artes negras no estado. Uma fala de Júnia Bertolino sobre o motivo da idealização deste prêmio é a seguinte: “Os ideais de Zumbi Permanecem mais vivos do que nunca” e ainda completa: “Não somos o movimento negro, somos negros em movimento”.
Este ano o prêmio chegou a sua quarta edição e ocorreu na noite do dia 18 de novembro de 2013, às 20 horas no Teatro da Biblioteca Pública de Minas Gerais, com um bom público e presença de muitas pessoas importantes para a luta e valorização da cultura negra em Minas Gerais.
A noite teve início com a apresentação de um vídeo ilustrando os três primeiros prêmios, relembrando os homenageados e os participantes nos eventos anteriores.
Júnia Bertolino foi convidada a subir ao palco e dar início à solenidade. De forma simpática ela saudou a todos pediu licença aos mais antigos e ressaltou a importância do Prêmio para a comunidade negra: “O Prêmio celebra a união do povo negro em Minas e convida a todos a deixar de lado seus desafetos e desavenças, para seguir juntos em frente na nossa luta, pois unidos somos muito mais fortes”. Júnia agradeceu a presença de todos e a força que recebeu na montagem do evento.
Representando a Secretaria de Cultura, Eliane Barbosa, disse que era com muito orgulho que estava ali presente para celebrar a força da cultura negra e parabenizou Júnia Bertolino pela força e dedicação não somente na realização deste evento, mas também pela sua trajetória de luta a favor da cultura. Júlio Jader da Fundação Municipal de Cultura exaltou a importância para Belo Horizonte da organização do Prêmio Zumbi, pois reforça os ideais de Zumbi e aproxima grandes nomes ativistas da comunidade negra.
Mestre Conga foi o primeiro artista a ser chamado ao microfone e emocionado disse o quão grande é o seu orgulho por ser negro e conclamou o povo negro a se unir, saudou a todas as religiões e ainda declarou sua imensa satisfação por estar participando do quarto Prêmio Zumbi e por fazer parte desta história, pois esteve presente também nos três anteriores. E antes que descesse declamou um poema de Castro Alves e saldou ao público com uma mostra da potência de sua voz, cantando um samba à capela.
Na sequência Lúcia Santos tomou conta do microfone e do palco e em uma apresentação majestosa saudou a todos com “Um abraço Negro”, cantado e celebrado por todos.
O momento mais esperado por todos teve início, a entrega do prêmio aos homenageados. Rosália Diogo entregou o prêmio de literatura para Conceição Evaristo, que o ofereceu a toda juventude. Na área da religiosidade Mãe Rita foi a contemplada e quem teve o prazer de lhe passar esta honra foi Black Josie. Mãe Rita dedicou o prêmio aos ancestrais e as irmandades. A dançarina Lucilene Diolina fez as honras da entrega do Prêmio de destaque na dança para Marilda Cordeiro, que dividiu o prêmio com todos dançarinos afros de BH.
Uma pausa nas entregas para as apresentações artísticas que também fazem parte da festa. Os alunos do Tambor Mineiro sob a batuta do Maestro Santonne Lobato, demonstraram toda a força musical dos tambores mineiros.
A premiação teve sequência com Dora Alves entregando o prêmio de menção honrosa para Francisca Leandro, que disse ser gratificante aos 80 anos ser reconhecida com uma premiação desta e declarou que este ano foi um ano quente em sua vida. Para a entrega no cenário musical, foi chamada ao palco a idealizadora deste evento, Júnia Bertolino para ter o prazer de homenagear Dona Jandira, que agradeceu o feito e nos encantou com uma breve canção, agraciando os tímpanos dos presentes com sua linda voz.
Como personalidade negra, Vicente Muzinga, recebeu a homenagem das mãos de Makota Kizandembu Kiamaza. O Prêmio na área de teatro foi para João das Neves, que foi brilhantemente representado por Titane, que recebeu das mãos de Santonne Lobato a estatueta em nome de seu amigo.
Ainda havia mais três premiados a serem homenageados, mas por conta de suas agendas não puderam comparecer foram eles: Comunidade dos Arturos, na categoria Manifestação cultural, Iris Amâncio, Educação e Denise Pacheco, Atuação política, que apesar de ausentes foram respeitosa e carinhosamente aplaudidos.
E já que Titane estava no palco pediu-se que lá permanecesse e ao lado de Marcos Danilo soltou a voz em uma bela celebração musical, abrindo alas para Zaika dos Santos que entoou seu canto e convidou a coreógrafa Júnia Bertolino para realizar a performance de dança ao som de um rap bem moderno.
A Cia Baobá de Dança – Minas guardou para o final sua grande apresentação, com as dançarinas muito inspiradas, encantaram o público com uma linda performance.
Para o término da noite e encerrando a celebração negra o Grupo Bombos do Iroko, fez uma bela saudação aos presentes com o seu marakatu dançante.
A noite de entrega do Prêmio Zumbi de Cultura não é só uma celebração festiva, mas também é a demonstração que o povo negro mesmo com toda opressão, humilhação, descaso, repressão, perseguição e todos os tipos de preconceitos possíveis, segue sua jornada com muita garra e força apresentando sua arte, cultura, ancestralidade, religiosidade e todo o saber e valor da cultura de matriz africana.
Fotos: Elmo Gomes
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