Coberturas
Abertura da exposição “Alceu Penna – Inventando a Moda do Brasil” no Museu da Moda de Belo Horizonte
Museu da Moda (MUMO), 09/12/2019
Por Luiza Miranda
A exposição “Alceu Penna – Inventando a Moda do Brasil” reuniu personalidades da moda nacional e familiares na prestigiada abertura, dia 10 de dezembro, no Museu da Moda de Belo Horizonte, no qual estão expostos trabalhos criados por Alceu Penna ao longo de sua carreira, com visitação gratuita que se estende até dia 7 de junho de 2020.
A cerimônia, que foi conduzida pela secretária municipal de Cultura, Fabíola Moulin, ocorreu no teatro do museu, palco da roda de conversa sobre Alceu e a movimentação da moda, com profissionais que atuam no segmento: Ana Hoffmann, professora da Universidade Feevale; professora Gabriela Penna, sobrinha neta de Alceu; Luiza Penna de Andrade, sobrinha de Alceu; diretor criativo do Minas Trend, Rogério Lima; e a escritora Geanneti Tavares Salomon, mediadora do bate papo. Posteriormente, foi servido um coquetel para os presentes.
A arquiteta e urbanista Luiza Penna de Andrade, sobrinha de Alceu Penna, atuante na preservação e memória da sua obra, assina a curadoria e direção da mostra, sendo que parte do acervo exposto foi doado pela família ao MUMO.
O mineiro Alceu Penna, natural da cidade de Curvelo é portador de extensa trajetória e considerado um ícone no cenário brasileiro. Atuou nas áreas do design gráfico, jornalismo, ilustração, figurino, estilismo, publicidade, cenografia, sendo o precursor do jornalismo de moda no Brasil.
Mudou para o Rio de Janeiro em 1932 para estudar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes – ENBA, frequentando vários cursos de Belas Artes. Ficou famoso pela criação da seção “As Garotas”, publicação semanal na revista O Cruzeiro, entre 1938 e 1964, revolucionando a moda e o comportamento no país durante o período.
Maria Carolina Ladeira Dias, coordenadora do MUMO, considerou: “Estamos num momento de celebração ao apresentar definitivamente no museu a exposição de Alceu Penna, assim como expor o importante acervo reunido pela da família Penna durantes anos. A mostra é composta com obras de todas as épocas desse múltiplo artista cujos trabalhos que retratam a moda genuinamente brasileira, valorizando a mesma e não somente copiando o que viria de outros países. As Garotas do Alceu, trabalho composto por inúmeras ilustrações idealizadas por ele, influenciou muitas mulheres, que remetem a mulheres emancipadas, à frente do seu tempo e empoderadas. É uma grande honra para nós fazer a salva guarda deste acervo no MUMO, que é o único museu público de moda no Brasil. É um momento muito feliz para a moda e para Belo Horizonte”.
Luiza Pena de Andrade considerou: “Esse momento representa a realização de uma meta, de um sonho, de uma missão. Temos uma memória muito boa de Alceu, pois ele era um ídolo familiar, fazendo parte de nossa vida em todos os momentos festivos. Iniciei as atividades relativas ao seu trabalho em 2014, visando comemorar o centenário de seu aniversário e, com uma prima (de 2° grau), residente nos EUA, a designer gráfica Inês Oliveira, elaboramos um livro de ARTE com suas ilustrações, que será lançado em 2020. Conseguimos realizar uma exposição aqui no MUMO, “Alceu PENNA é 100”, reunindo um grupo de sobrinhas-netas e minha irmã, Mariângela Penna. Somos as derradeiras testemunhas do trabalho de Alceu, para quem ele criou os últimos desenhos de vestidos de noiva”.
“A montagem no MUMO é a mais abrangente da mostra de Alceu Pena e, embora sejam recriações, narram toda as suas “fases de moda”, desde os anos 40, quando ele idealizava figurinos de shows, de teatro e shows para os cassinos, quando ampliou seu amor pela moda. Alceu viajou muito, foi para os EUA por conta própria e para a França, onde morou. Fez amizade com os estilistas, frequentava os ateliês, as maisons, assistia os desfiles, sendo grande admirador de Dior e muito amigo de Givenchy, assistia desfiles privados e fotos para as colunas de moda que escrevia. Trazia tudo para o Brasil, elogiando ou criticando os lançamentos, sempre com propriedade. Foi um jornalista de moda, quando o título não existia, era chamado ainda de correspondente”.
“Gostaria de salientar a importância de trazer uma coleção do sul lindíssima, que inclui parte dos figurinos dos shows, da Universidade FEEVALE, onde eu não imaginava que havia uma pesquisa tão grande sobre a vida e a obra de Alceu Penna, na moda e no design. E a alegria em realizar com o Ronaldo Fraga a coleção para o Minas Trend Verão 2019/20, a primeira exposição num evento comercial, muito apreciada e que permaneceu pouco tempo, durante o evento. A mostra no Minas Trend, é completa, abrangendo desde os anos 40 até os 70, dentre fantasias, figurinos, desenhos das garotas, uma recriação dos alunos do Senai- Modatec, um leque muito amplo de toda a obra de Alceu na Moda”.
“No salão nobre, no segundo andar do MUMO, vislumbramos os figurinos originais criados por Alceu, alguns confeccionados pela Thereza, sua irmã e colaboradora, uma exímia costureira. Esta coleção eu resgatei diretamente do apartamento dele no Rio para a exposição “Alceu Pena é 100!”, em 2015. Terminada a exposição, doei as mesmas para o MUMO, para se tornar um acervo que hoje está sendo valorizadíssimo”.
“Ao trazer essa coleção para o MUMO, ela ganha uma sobrevida tremenda, ficando exposta por seis meses, sendo vista por milhares de pessoas. Estou muito emocionada com o valor que eles deram para a coleção, que intuitivamente escolhi”, finaliza Luiza Penna.
O Museu da Moda (MUMO) funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábado e domingo, das 10h às 14h, na Rua da Bahia 1.149.
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