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Música para crianças embala mês das férias

Janeiro, mês das férias escolares. O projeto Música Para Crianças, que desde setembro vem trazendo para Belo Horizonte uma produção musical voltada especialmente para os pequenos, começa 2009 e homenageia o período com uma rodada dupla de espetáculos, buscando oferecer bons programas para a agenda cultural da garotada. No dia 10 e 11 de janeiro, respectivamente, Rubinho do Valle e a dupla Paulo Freire e Ana Salvagni sobem ao palco do Teatro Alterosa, trazendo canções e histórias que resgatam a cultura e as brincadeiras populares. O compositor mineiro Rubinho do Valle tem uma longa trajetória ligada à música infantil. Nada menos do que seis de seus discos são dedicados à garotada. No espetáculo do dia 10, ele apresenta as canções pinçadas do repertório que ele produz, pensando nos pequenos, desde a década de 90, quando lançou o disco “Ser Criança”, primeiro dos seis trabalhos voltado para esse público. Dessa intensa produção, ele selecionou, para a apresentação no Teatro Alterosa, composições como “ABC do Amor”, “O Menino e o Rio”, “Boi Encantado” e “Trem da História”. O trabalho de Rubinho do Vale reflete muito a sua história pessoal. Nascido no Vale do Jequitinhonha, Rubinho passou a infância na roça, depois foi para Rubim onde continuou os estudos. Na música, começou com o acordeom de seu pai, seu Caçula Jardim, ainda na roça. Quando concluiu a oitava série, ganhou o primeiro violão, que, naquela época ainda era território totalmente desconhecido para o então menino. No início de 1976 foi aprovado no vestibular da Escola de Minas de Ouro Preto para o curso de Engenharia Geológica (Geologia) e a temporada de cinco anos em Ouro Preto lhe rendeu boas amizades e aprendizados e foi a partir daí que se lançou definitivamente na composição e nas apresentações musicais. Em 1980 veio novamente para Belo Horizonte sem conhecer ninguém, mas com um grande sonho : ser um compositor brasileiro, cantar sua terra o Vale do Jequitinhonha, falar da sua cultura, denunciar as injustiças sociais, a exploração do povo do Vale pelos que chegavam de fora, pedindo votos, tirando fotos, mas sem deixar nada para o povo. Assim esse cantador foi transformando sua voz e sua música em bandeiras de luta e de esperança. FREIRE E SALVAGNI No segundo dia da edição de janeiro do projeto Música Para Crianças, a garotada vai entrar em contato com as cantigas e jogos propostos pelo violeiro Paulo Freire e pela cantora Ana Salvagni no espetáculo “Brincadeiras de Viola”. Paulo Freire conta que a apresentação, baseada em disco homônimo lançado em 2004, é uma viagem pelas diversas épocas da cultura popular, especialmente daquela voltada às crianças. “O projeto nasceu de minha admiração pelo mundo da criança. Fui guiado pelas músicas curtidas através dos tempos, entoadas pelos meninos, mães, pais, tios, avós, em meio às brincadeiras de ciranda, voltado-inteiro, caninha-verde, e cantigas de ninar. No repertório, clássicos como ‘Escravos de Jó’, ‘Terezinha’, ‘São João Dararão’, as cantigas de ninar ‘Boi da Cara Preta’, ‘Essa Menina’, além de canções do sertão, como as brincadeiras de caninha-verde ‘Vem Cá, Moreninha’ e o voltado-inteiro ‘Na Lagoa Que Tem Léu’”, adianta. Tanto Paulo Freire quanto Ana Salvagni são protagonistas de uma longa e produtiva história dentro da música popular brasileira. Ele, paulistano, estudou violão em sua cidade natal e mais tarde em Paris, chegando a ganhar prêmios como instrumentista. Em 1977 mudou-se para o norte de Minas Gerais, onde aprendeu a tocar viola caipira com mestres da região. Entre o fim dos anos 70 e o início dos 80, trabalhou musicando peças de teatro e seriados de TV, como "Malu Mulher" e "Grande Sertão: Veredas", ambos na Rede Globo. Voltou a morar em Paris entre os anos de 1982 e 1985, e, nesses anos, se apresentou em diversos lugares, tocando música clássica e MPB. Em 1995 lançou seu primeiro disco solo tocando viola, "Rio Abaixo" (Pau Brasil), com o qual ganhou o prêmio Sharp de Revelação Instrumental. O segundo, "São Gonçalo", saiu três anos depois, pelo mesmo selo. Toca na Orquestra Popular de Câmara e no grupo Ânima. Além da música, Paulo Freire ainda se dedica à literatura – é dele, por exemplo, o livro infantil “O Céu das Crianças”, lançado em 2008 pela Cia. das Letrinhas. Para Ana Salvagni, a música é uma presença constante desde a infância. Nascida no interior de São Paulo, Ana cresceu ouvindo a mãe e o pai em serestas – ela cantando e ele no piano e na sanfona. Os avós também eram seresteiros e ainda muito ligados à obra de Ernesto Nazareth. Logo, Ana Salvagni resolveu se aprofundar no universo musical. Em 1987, concluiu o curso de piano pela Escola Técnica de Artes Santa Cecília, Taquaritinga. Mudou-se para Campinas em 1988, complementou seus estudos no Conservatório Carlos Gomes e iniciou, em 1989, o curso de Regência na UNICAMP. A partir de então, se envolveu em diversos projetos, com destaque para o Trio Bem Temperado, que formou junto com José Eduardo Gramani e Patrícia Gatti, e para o Duo Anagrama, que, mais tarde, a levou a trabalhar novamente com Gramani. Seu primeiro disco, homônimo, foi lançado em 1999. De lá para cá, produziu outros dois álbuns (“Avarandado”, de 2005, e “Alma Cabocla – As Canções de Hekel Tavares”, de 2007) e vem participando de diversos espetáculos como cantora e instrumentista, além de realizar projetos em poesia e em regência – desde 1995, por exemplo, ela rege o Coral Municipal Em Canto, da cidade de Morungaba (SP). O PROJETO De boba, a garotada não tem nada. E foi justamente pensando na esperteza dos pequenos e na capacidade que eles têm de interagir, de absorver e de elaborar informações que surgiu o projeto Música para Crianças. Iniciado em setembro de 2008, o projeto já levou ao palco do Teatro Alterosa já recebeu diversos artistas que produzem música que despertam e estimulam o lado lúdico que toda criança naturalmente tem, entre eles a cantora Silvia Negrão, o grupo Amaranto e Hélio Ziskind, experiente músico, compositor e produtor de CDs infantis – Ziskind ainda foi integrante do Rumo, grupo seminal na cultura brasileira em que conviviam, também, Luiz e Paulo Tatit.

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