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“A Tocaia” é uma tragicomédia que se passa no sertão de Minas Gerais no início do século XX. Nas ruínas de uma pedreira abandonada, um jagunço, à espera da sua próxima vítima, se depara com uma série de acontecimentos, a princípio comuns para o seu cotidiano, que vão tomando proporções que extrapolam a normalidade. A espera é maior do que o previsto e a partir dela, este homem, aparentemente frio e calculista, revela suas múltiplas personalidades. Chega a ser hilário com sua fobia a sujeira, meticulosidade extrema e humor quase sempre irônico. Todo este processo vai, aos poucos, alterando a sua percepção da realidade. Ele começa a sentir-se “estranho”. Tem medo de barulhos de bichos com os quais sempre esteve acostumado, fantasia perigos diante da vítima que está por vir, passa a questionar suas escolhas de vida, tornando-se frágil e inseguro de uma hora para outra. Nesse mundo de possibilidades de seu imaginário, surge a vítima que, para surpresa do jagunço atordoado, não é quem ele espera. A partir desse momento, invertem-se os papéis da história e o matador fica à mercê de sua vítima. Agora, imagine-se no início do século passado, quando a medicina ainda esboçava suas descobertas e, de repente, você se percebe em pleno transtorno emocional e físico. Nessa tragicomédia, reflexões acerca de um assunto tão delicado (a hoje conhecida Crise de Pânico) são feitas por um jagunço que ignora qualquer explicação a respeito do que está acontecendo consigo. Sente medo diante do novo e a insegurança que toma conta de sua mente o faz afundar em uma confusa rede de ilusão e realidade. Para onde foi toda sua bravura, sua coragem? De onde vieram tantos sentimentos novos de uma só vez? Que caminho inusitado é esse que percorre sua mente diante de um serviço que até então era totalmente banal em sua vida? Neste thriller de suspense e aventura, essas e outras questões vão surgindo para o personagem e para o público, ambos com o desafio de encarar essa embaraçosa situação e fazer dela um aprendizado em busca do autoconhecimento. A peça fica entra em cartaz no dia 16 de Fevereiro, no Grande Teatro do Palácio das Artes, às 20:30min.