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Ricardo Castro substitui Maria João Pires em concerto neta quinta-feira

Pianista portuguesa cancelou, de última hora, sua vinda a BH por motivos de saúde. Ricardo Castro chega da Suíça e garante a execução da 4ª de Beethoven. A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais recebeu, na tarde da última segunda-feira, um comunicado dos agentes da pianista Maria João Pires informando o cancelamento, por motivos de saúde, da sua participação no concerto da próxima quinta-feira, 1º de abril. Ricardo Castro, um dos maiores pianistas brasileiros da atualidade, é o solista convidado para substituir Maria João na apresentação pela série Allegro, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes. O repertório programado será mantido. As obras que compõem o programa são Parsifal: Mistério da Sexta-feira da Paixão, de Richard Wagner, selecionada por Mechetti para fazer uma conexão com a Sexta-feira Santa, celebrada no dia seguinte ao concerto (2/04); Concerto para piano n° 4, de Beethoven, com solo de Ricardo Castro; e Sinfonia n° 6, “Patética”, de Tchaikovsky, considerada o testamento musical do compositor. Ricardo Castro Estudou no Conservatório Superior de Música de Genebra com Maria Tipo e em Paris com Dominique Merlet. Venceu os concursos Internacional da ARD de Munique, Rahn de Zurique, Pembaur de Berna, e foi o primeiro latino-americano a vencer o Concurso Internacional de Piano de Leeds. Atuou como solista da BBC Philharmonic de Londres, Orquestra da Suisse Romande, English Chamber Orchestra, Academy of St. Martin-in-the-Fields, Sinfônica de Birmingham, Filarmônica de Tóquio e Mozarteum de Salzburg. Tocou sob regência de Sir Simon Rattle, Yakov Kreizberg, Alexander Lazarev, John Neschling, Kazimierz Kord e Michioshi Inoue. Iniciou em 2003 um duo com a pianista Maria João Pires, apresentando-se no Concertgebouw de Amsterdã, Tonhalle de Zurique, Palau de La Musica em Barcelona, Auditório Nacional de Madri, entre outras. Em 2005 o duo lançou seu primeiro CD pela Deutsche Grammophon com obras de Schubert. Gravou pela BMG cinco CDs com obras de Chopin e outros dedicados a Mozart, De Falla e Liszt. Leciona na Haute École de Musique de Lausanne (Suíça), é Diretor Fundador do NEOJIBA – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia e desde 2007 é Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia. Repertório O concerto tem início com Parsifal: Mistério da Sexta-Feira da Paixão, do alemão Richard Wagner (1813–1883). Baseada em um poema épico do século XIII, a trama é centrada na figura do personagem-título (em português, Percival, cavaleiro da saga arturiana) e em sua demanda pelo Santo Graal. A ambientação na Sexta-Feira Santa aparece efetivamente no terceiro ato da obra, e seus trechos orquestrais denotam, sinteticamente, os elementos fundamentais e os elaborados artifícios que constituem a linguagem wagneriana. Nesses trechos, portanto, sem entrar no mérito de sua qualidade artística, pode-se entrever a importância que essa grande obra teve, juntamente com Tristão e Isolda, na delineação dos novos caminhos que a música do ocidente passa a trilhar a partir do século XX. Em seguida, Ricardo Castro sobe ao palco para interpretar, ao lado da Filarmônica, o Concerto nº 4, de Ludwig van Beethoven (1770–1827). Nesta obra, Beethoven soube demonstrar todas as possibilidades expressivas do piano e colocá-lo em igualdade com a orquestra. Pela primeira vez, o piano ganhou total independência e tornou-se um dos protagonistas principais da cena, ao começar a tocar antes da orquestra e não parar em momento algum durante o concerto. A primeira performance pública de Concerto nº 4 aconteceu em Viena, em 1808. Esta foi a última aparição do compositor como solista de concertos. E, embora sua surdez estivesse bem avançada, Carl Czerny, seu aluno, recorda que Beethoven foi extremamente habilidoso na execução do Concerto. Encerrando a apresentação, a Filarmônica executa Sinfonia nº 6, “Patética”, de Piotr Iilich Tchaikovsky (1840-1893). A história dessa sexta e última sinfonia do compositor é cercada de mistérios indecifráveis. Tchaikovsky terminou sua composição em agosto de 1893 e regeu sua estreia no dia 28 de outubro do mesmo ano, em São Petersburgo. Nove dias depois, morria de causas ainda não comprovadas. A estreia foi um fracasso, aparentemente por se tratar de uma música muito intimista. Quando o assunto era sinfonia, o público esperava ouvir uma música que, embora pudesse conter alguns momentos tristes, deveria iniciar e terminar com temas grandiosos. A Sexta Sinfonia, para surpresa geral, inicia e termina de maneira triste e melancólica. De acordo com algumas cartas de Tchaikovsky, suas sinfonias eram como “confissões musicais”, capazes de “expressar tudo aquilo para o qual não existem palavras”, principalmente questões como vida, morte, amor e beleza. O que estaria o compositor, então, tentando nos dizer, nesta sua carta de adeus? Provavelmente, das suas desilusões amorosas e musicais, da sua impotência frente às dificuldades da vida. Possivelmente, da sua angústia com o vazio que se descortinava, um vazio causado pelo fato de que tudo que ele amava e acreditava fosse eterno, estivesse, talvez, se dissolvendo. Tchaikovsky estava deixando o seu testamento musical. Fabio Mechetti Além de regente titular e diretor artístico da Filarmônica de Minas, o paulistano Fabio Mechetti é também regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, na Florida, EUA, desde 1999. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington. No âmbito internacional, fez diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu por várias vezes as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Recentemente fez a sua estreia com a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, na Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, no Canadá. No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Minas Gerais e as Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Durante a sua carreira trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Mstislav Rostropovich, Thomas Hampson, Frederica Von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, fez sua estreia nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. Dentro de seu repertório operístico destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York. Em 2009 recebeu o Prêmio Carlos Gomes na categoria de Melhor Regente.

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