Com arranjos do percussionista Djalma Corrêa, consagrada obra do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca é apresentada no Grande Teatro do Palácio das Artes, no dia 30 de abril.
A obra mais consagrada do maestro mineiro Carlos Alberto Pinto Fonseca, ex-regente do Coral Ars Nova, ganhou arranjos de percussão especiais. O resultado é o espetáculo Missa Afro Brasileira – de batuque e acalanto, em apresentação única e inédita no dia 30 de abril, às 21 horas, no Grande Teatro do Palácio das Artes. A produção é da Spalla Produções, com patrocínio da Cemig, através da Lei Rouanet. O público confere uma apresentação clássica da Missa com instrumentos de percussão genuinamente africanos comandados pelo percussionista Djalma Corrêa, um coro formado por mais de 40 vozes e os solistas Sylvia Klein, Luciana Monteiro, Welington Vilaça e Joseh Carlos Leawl, todos sob regência da maestrina Ângela Pinto Coelho.
Composta em 1971, originalmente para coro misto “a capella” (coro cantado sem acompanhamento instrumental), a Missa Afro Brasileira destaca o sincretismo religioso, um amálgama de doutrinas ou concepções heterogêneas presente nos cultos afro-brasileiros. O interesse do autor pela cultura afro-brasileira talvez seja o que faça de sua principal obra um grande destaque. “Ele, enquanto maestro e compositor, mergulhou nas raízes da sonoridade afro para tentar compreender os detalhes e a influência do povo africano, tudo isso aliado à mistura cultural mineira e portuguesa”, ressalta a maestrina Ângela Pinto Coelho, idealizadora do projeto.
“Como os negros não podiam reverenciar suas entidades, utilizavam projeções católicas para se expressarem. Tais representações forçaram as influências das culturas portuguesa e africana nas diferentes regiões do País”, destaca Jaques Diogo, diretor de produção do espetáculo.
A Missa
Sobre a obra, o próprio maestro Carlos Alberto disse certa vez “o
sincretismo é uma realidade no Brasil. Tentei expressar os sentimentos religiosos dos brasileiros, povo formado pela mistura do europeu, do negro e dos ancestrais indígenas”.
Muitos especialistas ressaltam ainda que a missa tenta abolir as barreiras entre sacro e profano, erudito e popular, sendo composta com alternâncias e, muitas vezes, superposições de textos em latim e em português. O batuque é representado pelos ritmos mais percussivos de origem afro. O acalanto, por sua vez, pelas canções de ninar, as cantigas de roda, além da marcha-rancho, do choro e do samba-canção. A obra, premiada em 1976 pela Associação Paulista de Críticos da Arte, como “Melhor obra vocal do ano”, tem sido apresentada com grande sucesso nos Estados Unidos, Europa e em vários países da América Latina.
A missa foi publicada pela Lawson-Gould Music Publishers, nos Estados Unidos, em 1978, e gravada pelo próprio compositor à frente do Coral Ars Nova, em 1989. O vinil gravado na época tem em sua capa uma ilustração de Álvaro Apocalypse, artista plástico conhecido internacionalmente, sendo fundador do Grupo Giramundo de Teatro de Bonecos.