Museu Inimá de Paula irá movimentar a capital mineira com diversas exposições em uma estrutura inédita no Brasil
Concretização do sonho de um célebre pintor mineiro. Esta pode ser a melhor definição para o novo cartão postal de Belo Horizonte: o Museu Inimá de Paula, que foi inaugurado no dia 28 de abril. A partir de um espaço alocado pela Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, na Rua da Bahia, onde funcionava o antigo Clube Belo Horizonte e o Cine Guarani, o Museu é uma homenagem ao artista plástico Inimá José de Paula, falecido em 1999.
Por meio de suas obras, o espaço irá contar a trajetória do pintor e sua inserção no contexto cultural brasileiro, apresentando um panorama histórico do Brasil no século XX. O local também irá abrigar exposições temporárias de artistas emergentes e consagrados, além de uma programação diversificada de acontecimentos culturais e corporativos.
Após o registro de quase duas mil peças e da edição de dois volumes que reproduzem as obras catalogadas, a diretoria da Fundação Inimá de Paula concretizou a viabilização do Museu, que surge como uma proposta diferente. Além de manter um rico acervo permanente, com cerca de 80 obras do artista mineiro, o Museu será um centro cultural completo.
“O espaço não somente irá servir para a divulgação da vida e obra de Inimá, mas também para abrigar eventos culturais em geral, caracterizando-se como um local aberto a exposições de novos artistas, seminários, cursos, workshops e eventos corporativos”, afirma o presidente da Fundação, Mauro Tunes. O Museu Inimá de Paula contará também com Cine-auditório, livraria, loja e café-Gourmet, operado pelo café Khalua.
Segundo Tunes, a consolidação do Museu era um sonho que parecia distante de ser alcançado.
“Nosso objetivo principal era catalogar, preservar e divulgar as obras de Inimá. O primeiro passo, registrar as peças e editar os livros, já parecia uma tarefa impossível, mas conseguimos realizar. Então, decidimos ir atrás do nosso sonho maior”, ressalta.
Mais de cem pessoas trabalharam no desenvolvimento dos seis pavimentos do Museu, cuja área total é de 3000m². Na restauração do prédio, que começou em março de 2007, foram investidos R$ 4 milhões, integralmente doados por Mauro Tunes Júnior. Serviços de demolição, construção, sondagem, fundação, instalação de escadas e acessos especiais, elevador e ar condicionado, pintura, projetos elétrico, hidráulico, anti-incêndio, de imagem e som, câmeras de segurança e de iluminação foram executados. “O prédio foi adaptado a todas as regras de segurança necessárias para um espaço público”, afirma o presidente.
Projetado pelo arquiteto Saul Vilela, o Museu Inimá de Paula conta com espaços, estrutura e equipamentos comparáveis aos melhores museus do mundo. Além do acervo permanente e o espaço cultural, uma galeria virtual equipada com um telão de 13 x 2,5 m permiti ao visitante interagir com todo o acervo de quase 2.000 obras catalogadas do artista.
“Com a ajuda do computador, o visitante pode de maneira muito simples montar exposições temáticas das obras do Inimá que serão exibidas neste telão gigante em tamanho natural. Uma viagem virtual a um mundo de imagens e cores de Inimá”, ressalta Mauro Tunes.
O antigo Cine Guarani, com capacidade para 150 pessoas, foi totalmente remodelado e modernizado com equipamentos de última geração. O espaço, uma conjugação de auditório, cinema e teatro, irá abrigar apresentação de peças, eventos musicais e encontros corporativos.
O projeto estrutural teve a preocupação de manter íntegras todas as características originais do edifício Art Déco, que abriga o Museu. A restauração do empreendimento, viabilizada com recursos doados pelo Presidente da Fundação, recebeu o apoio do governador Aécio Neves, da secretária de Estado da Cultura Eleonora Santa Rosa, da secretária de Estado de Planejamento Renata Vilhena e de outros órgãos da prefeitura de Belo Horizonte.
“Assumi o compromisso de cumprir os propósitos estabelecidos com a criação da Fundação. Junto a isso vem a minha paixão pelas artes plásticas e pelo trabalho desenvolvido por inimá. Também encontrei uma forma de devolver para Belo Horizonte tudo o que a cidade me proporcionou ao longo da minha vida”, ressalta.
O Museu Inimá de Paula estará aberto para visitação de quarta a sábado, de 10h às 19h e domingos e feriados, de 10h às 17h. Adultos pagam R$ 5, 00, idosos e estudantes pagam meia e crianças até 12 anos não pagam. Excursões escolares terão descontos na tarifa. No primeiro mês o valor pago pelos visitantes será R$3,00. Todo o dinheiro arrecadado será empregado na manutenção e conservação do espaço.
Salão Inimá / Mezanino (Exposição Permanente)
Dois andares do Museu Inimá de Paula foram destinados para as obras do artista mineiro. Os trabalhos mais representativos do pintor estarão em exposição para apreciação do público durante todo o ano. Esse acervo, composto por mais de 80 peças, será rearranjado anualmente seguindo diferentes propostas curatoriais, o que permitirá também dinamizar o patrimônio principal do Museu e propor exposições diferenciadas e atrativas.
Em 1998, Inimá de Paula participou pessoalmente da constituição da Fundação que leva seu nome e da catalogação de suas obras. Na ocasião, o artista disponibilizou cartas, fotografias, escritos, premiações, mobiliário e objetos de ateliê, biblioteca e pinacoteca, que constituem o acervo da Fundação. Todos estes materiais compõem o Ateliê do Artista, que foi fielmente remontado, nos levando a seus pincéis, tintas, paletas e sua última obra, ainda inacabada.
A sala de Auto-retratos apresenta uma proposta inovadora. Em um espaço escuro, as obras recebem iluminação especial, enquadradores automatizados, com tecnologia de última geração e desenvolvida especificamente para criar dramaticidade e impacto visual.
Na Galeria Virtual, o encontro entre arte e tecnologia conjuga espaços reais e virtuais. Todas as mais de 1800 obras catalogadas pela Fundação Inimá de Paula podem ser exibidas em tamanho natural numa tela projetada de 13 x 2,5 m, com imagens em alta definição geradas por quatro projetores. Por meio de uma interface simples e acessível, o visitante poderá montar sua própria exposição de acordo com a temática ou fase do pintor, aproximando o espectador da obra do artista, numa proposta museológica pioneira no mundo.
Plataforma (Exposições Temporária / Espaço Cultura)
Como parte fundamental das atividades culturais do Museu, haverá uma programação de mostras paralelas que incluirá nomes consagrados da arte brasileira e novos artistas contemporâneos. A iniciativa tem o objetivo de incluir Belo Horizonte no cenário das grandes exposições de arte, recebendo grandes projetos em itinerância pelo país. Além disso, o Museu realizará exposições para promover a arte contemporânea mineira, contribuindo na difusão e produção da nossa cultura. A partir dessas exposições, o acervo do Museu será ampliado e contemplará, também, outros segmentos importantes da arte brasileira.
Durante o ano, serão cinco exposições: duas de artistas emergentes, duas de profissionais com mais visibilidade e uma grande exposição, sendo que nesta última, o acervo permanente será desmontado e todo o espaço expositivo (com exceção da Sala de Auto-retratos) do Museu será tomado por um artista já consagrado. “Nosso objetivo é proporcionar oportunidade para os novos artistas mostrarem seu trabalho. Também queremos incluir Belo Horizonte no circuito das grandes exposições, trazendo para a cidade mostras que nunca pisaram em solo mineiro”, afirma Mauro.
A plataforma é o primeiro espaço expositivo construído com todos os recursos de movimentação, iluminação e climatização, pronto para receber qualquer tipo de proposta cultural. Isso se traduz em menor tempo de montagem, menor custo e mais acessibilidade da população à cultura.
Eventos Corporativos
O Museu Inimá de Paula traz diversas vantagens a seus patrocinadores. A reconstrução de um antigo patrimônio de Belo Horizonte dá origem a um dos principais pólos culturais de todo o Estado, criando os atrativos necessários para fortalecer parcerias com empresas dedicadas a associar sua marca a um investimento de sucesso.
Além disso, as instalações do Museu Inimá de Paula estarão abertas durante todos os meses do ano e totalmente aptas a receber eventos corporativos de naturezas diversas.
Setor Educativo
Assumindo o vínculo com a educação, e sendo a responsabilidade social uma das diretrizes do Museu, o Setor Educativo apresentará propostas consistentes. A diretoria da Fundação estima receber cerca de 150 estudantes por dia. “Iremos disponibilizar pessoal treinado e preparado para proporcionar aos alunos uma experiência cheia de arte, conhecimento e diversão”, afirma Mauro. O Museu oferecerá ainda uma série de cursos e oficinas para todas as idades.
O Artista
Mineiro de Itanhomi, pequena cidade localizada no Vale do Aço, Minas Gerais, Inimá se dedicou ainda adolescente ao retoque de fotografias. Celebrado como “Mestre das cores” e “Fauve brasileiro”, o artista foi fundamental na difusão e consolidação da arte moderna no Ceará, Rio de Janeiro e, principalmente, em Minas Gerais. Em 1952 recebeu o Prêmio “Viagem ao Estrangeiro” no Salão Nacional de Arte Moderna e, dois anos depois, embarcou para Paris onde estudou com André Lhote e Gino Severini, grandes mestres europeus. De volta a Belo Horizonte, a partir da década de 1960, dedicou-se à sua pintura, marcada pela expressividade e, sobretudo pela força das cores.
O artista chegou ao Rio de Janeiro em 1940, exercendo ofícios modestos que lhe garantiam a sobrevivência. Transferiu-se para Fortaleza, a fim de trabalhar em um estúdio fotográfico. Na capital cearense, constituiu amizades com Antonio Bandeira, Aldemir Martins e Pierre Chalboz, onde fundaram o Grupo Cearense. Ao lado destes artistas, Inimá expôs pela primeira vez uma coletiva na Galeria Askanazi na capital carioca. Tendo Portinari como padrinho, realizou sua primeira exposição individual logo depois, na mesma cidade. Sua pintura, na época, seguia uma linguagem impressionista e os temas preferidos eram naturezas-mortas e paisagens urbanas.
Inimá foi classificado como ´fauvista´ por utilizar cores puras, de maneira ´selvagem´, vibrante, exuberante. Por meio de suas paisagens e retratos comunicava sentimentos, melancolias, afetos, atmosferas, experiências e sentidos. Além de comporem uma obra rica e densa, as pinturas contam, com propriedade inconfundível, uma parte importante da história do Brasil e da Arte brasileira. O Museu que leva seu nome se propõe a consolidar em Belo Horizonte uma plataforma consistente para o convívio com a arte.
As obras de Inimá podem ser encontradas nos mais importantes Museus brasileiros, em acervos de fundações públicas e privadas e em coleções particulares de renomados colecionadores. Seu nome é citado em diversos dicionários de artes plásticas e livros de arte. Recebeu inúmeras homenagens, títulos e medalhas. Sua pintura, com características definidas e pessoais, mostra, por meio de fartas e generosas pinceladas, paisagens de múltiplas tonalidades. O seu estilo o consagrou como um dos mais autênticos e significativos intérpretes da sensibilidade tropical.
Fundação Inimá de Paula
A Fundação Inimá de Paula foi criada em julho de 1998 com o objetivo de preservar e organizar as obras e os objetos pessoais do artista. Para conseguir reunir o maior número possível de obras assinadas pelo artista, a Fundação realizou dezenas de sessões de catalogações em diversos estados brasileiros.
Em agosto de 2002, a Fundação lançou o livro "Inimá - Obras Catalogadas - Volume I" uma das mais importantes publicações do gênero de toda América Latina. No livro foram reproduzidas as 1.458 obras catalogadas na primeira fase do Projeto. Na segunda, foram realizadas catalogações em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília. Foram catalogadas 358 novas peças que integram o livro "Inimá - Obras Catalogadas - Volume 2".
Nos livros também foram publicados um capítulo, fruto do trabalho de pesquisa no acervo fotográfico da Fundação Inimá de Paula, em que figuram obras executadas e fotografadas pelo próprio Inimá, mas que ainda não haviam sido registradas. Com isto, nos dois volumes, foram publicadas 2.165 obras pertencentes a um universo que abrange 3.600 executadas pelo pintor.
A Fundação, preocupada com seu papel social, criou, patrocinou e formou mais de cem crianças durante dois anos no curso de “Iniciação à Arte e à Pintura” na Cidade dos Meninos de São Vicente de Paulo, em Ribeirão das Neves, próximo a Belo Horizonte. Todo o trabalho da Fundação Inimá de Paula foi conquistado por meio de contribuições de colecionadores e de empresas da iniciativa privada.