Mostra traz cerca de 20 obras de oito artistas que fazem um paralelo sobre a década de 60 e os dias atuais
Após 40 anos da repressão vivenciada em 1968 - período que marcou a Ditadura Militar no Brasil - oito artistas plásticos reúnem-se para a montagem de uma exposição coletiva intitulada ‘40 anos depois’, que será aberta no dia 3 de junho, na Galeria de Arte da Copasa. Partindo da idéia sobre ‘O que estaríamos fazendo em 1968?’ ou ‘O que estariam fazendo hoje os jovens daquela época?’, Marco Antônio Motta, Camila Michelini, Daniella de Moura, Mateus Pedrosa, Tabajara Kaiuke, Álvaro Tomé, Melissa Rocha e Heloísa Etelvina apresentam cerca de 20 obras que instigam a reflexão sobre os acontecimentos, atitudes e conceitos daquela época, fazendo um paralelo em relação ao contexto ao atual.
A mostra é uma das selecionadas pelo 7º Edital de Concorrência Pública do espaço cultural da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
“São perguntas que não desejamos responder, de fato, mas que nos fazem refletir sobre a época da repressão e os dias de hoje, principalmente em relação ao comportamento dos jovens.
Há 40 anos, o mundo estava em situação de repressão e ameaça, numa divisão maniqueísta, entre ideologias de pressupostos econômicos e sociais, divido entre o capitalismo e o comunismo. Na coletiva, localizamos nossas questões iniciais nesse momento.
Enquanto história, 40 anos é muito pouco, por isso a exposição vai muito além do que fazer referência à Ditadura. O objetivo é fazer pensar sobre o ano de 1968, no passado e no presente. Quais influências o período ainda exerce sobre a sociedade e os resquícios da época no comportamento dos jovens de hoje”, explica o artista plástico Marco Antônio Motta.
A exposição retrata fatos que marcaram 1968, não apenas relacionados à Ditadura no Brasil, mas a partir de um contexto histórico amplo. Por meio da exibição de obras inseridas em diversas artes, como fotografias, objetos, instalações, telas e colagens, os artistas reproduzem uma série de acontecimentos relacionados ao período como: o AI-5 (Ato Institucional Número Cinco – quinto decreto emitido pelo regime militar nos anos seguintes ao Golpe de 1964, que ganhou a expressão popular “golpe dentro do golpe”); o maio de 68 na França; a conquista do título Miss Universo pela brasileira Marta Vasconcelos; entre outros. “Esse foi um período de transição, principalmente para a arte. Pretendemos mostrar que é possível criar arte contemporânea, sem nos desvincular de nossas raízes. Por isso, utilizamos vários recursos para falar não apenas sobre a Ditadura, mas sobre o ano de 1968 em toda sua totalidade”, esclarece a artista Daniella de Moura.
Os artistas convidam o público a olhar para o ano de 1968 de uma forma crítica, reflexiva e saudosista, ao construir um paralelo sobre os parâmetros pregados há 40 anos e os conceitos estabelecidos depois de quatro décadas. “É uma forma de fazer pensar sobre o que somos hoje, sobre as possibilidades que a sociedade conquistou.
A fragmentação do mundo atual permite a convivência entre entidades díspares. Basta observamos as recentes alianças político-partidárias, inimagináveis há algumas décadas, fruto da aceleração da produção de informação, da tecnologia, etc. Acreditamos que somente em nossa época é possível a convivência entre tantos diferentes, principalmente nas artes”, pontua Marco Antônio.