Com muita criatividade e uma extensa programação cultural, a I Mostra de Arte Insensata promete virar a cabeça da cidade, de 28 a 31 de maio, no Espaço Funarte/Casa do Conde. O público poderá conferir diversos shows musicais, peças teatrais e vídeos, além de palestras, oficinas, feira e uma grande exposição.
Diferindo-se de outros eventos do gênero do país, a I Mostra de Arte Insensata coloca o portador de sofrimento mental no seu centro, exibindo seus trabalhos artísticos, realizando oficinas destinados a eles e colocando-os para trabalhar na organização. Dessa maneira, a Mostra, segundo a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Rosemeire Silva, evidencia a capacidade artística dos portadores, devolvendo-lhes a cidadania, além de coroar os 15 anos da política de saúde mental da Prefeitura de Belo Horizonte, referência em todo o país.
A exposição, que será aberta já no primeiro dia do evento, traz quadros, desenhos, peças em cerâmica, fotografias, poesias e vídeos produzidos por portadores de sofrimento mental, usuários dos serviços de Saúde Mental do SUS-BH, em oficinas de artes plásticas, música, dança, teatro e artesanato. Com curadoria de Rogério Blach, a exposição pode ser visitada até o final da Mostra de Arte Insensata.
Música
Atrações musicais alegram a festa do público na Casa do Conde. O primeiro dia traz, às 20h, o Coral Ser Sã, composto por cerca de 30 usuários do Serviço de Referência em Saúde Mental de Divinópolis. Encerrando o dia, às 21h30, a Orquestra Carlos Gomes, criada em 1983 pelo maestro Francisco Belmiro da Silva, com um repertório de sambas, boleros, rumbas, cha-cha-chas, valsas, entre outros estilos.
Já na quinta-feira, a programação começa com o músico e compositor Airton Meireles, usuário da Rede de Saúde Mental de BH e militante na luta antimanicomial. Autor de sambas-enredo e dono de um estilo próprio, o músico se apresenta às 11h30. Ainda na quinta, às 20h, destaque para a peça dirigida por Marcelo Cordeiro, “A Votre Service”, da Cia. Reviu a Volta, fundada em 1990. Encerrando a noite, os shows de Paulo Tomáz, violinista que apresenta o “Concerto Con-fusão”, ao lado de Danilo Abreu (piano), Aluísio Delane (baixo), Roberto Veitenhemeir (bateria), além de participações especiais, e da sambista Dona Jandira. A musicista traz o seu repertório de clássicos da MPB, às 22h.
A sexta-feira é o dia mais intenso da programação cultural. Já às 11h30, o palco é tomado pelas Netinhas de Sinhá. Às 16h30 é a vez da Cia. Sem Pressão, apresentando “A Pedra do Meio-Dia”, adaptação do livro homônimo de Bráulio Tavares. A Cia. nasceu do desejo dos usuários dos Centros de Convivência Pampulha e Venda Nova de experimentar e recriar o universo do teatro, tendo como ponto de partida a oficina realizada por Letícia Castilho. A atriz, aliás, é a atração da noite, às 20h, com o espetáculo “prisioneira 14/07”, trabalho que destaca a exploração do inconsciente como meio privilegiado de reconstrução de uma identidade própria, exclusivamente feminina.
Às 21h, Helvécio Viana apresenta o show “Cartas ao Onírico”, trabalho autoral e inédito, que percorre diversos estilos musicais. Viana, compositor, arranjador e violonista, será acompanhado por Demóstenes Júnior (violoncelo), Warley dos Santos (percussão) e Luciana Velloso (flauta).
Babilak Bah apresenta o seu já conceituado trabalho “Enxadário: Orquestra de Enxadas”, às 22h, associando o som de enxadas com guitarra, baixo, trombone, canto e poesia. Após turnê em sete capitais pelo Projeto Pixinguinha, Babilak Bah, percussionista, compositor e poeta, é reconhecido por diversos nomes importantes da música brasileira, como Tárik de Souza, que vêem em seu trabalho singular uma “plástica sonora” inovadora. Encerrando a programação de sexta-feira, a Festa Sambacanagroove, que promete colocar todo o público para dançar a partir das 23h.
No sábado, último dia de programação, o público poderá conferir a mostra dos trabalhos produzidos nas oficinas, às 15h. Invadindo a noite, às 17h, o Trem Tan Tan e Samba na Cabeça, que apresentam “Músicas de Composi(autores). O show traz músicas de autoria deles, que são usuários dos serviços de Saúde Mental da Prefeitura. Muitas dessas composições fizeram parte do Cd “Trem Tan Tan e Samba na Cabeça”, registro dos sambas compostos para o Dia Nacional da Luta Antimanicomial ao longo dos últimos oito anos. Na direção, Paulo Thomáz e Babilak Bah. No palco, junto aos músicos, o violão e a guitarra de Jorge Bonfá e o cavaquinho de Pagé.
Fechando a I Mostra de Arte Insensata com chave de ouro, o cantor e compositor Tom Zé, ícone da Música Popular Brasileira, apresenta-se às 19h. Com 40 anos de carreira, Tom Zé, tropicalista nos anos 1960, é um dos artistas mais controversos e ativos do país, sendo reconhecido por sua criatividade em todo o mundo.