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Grupo Meninas de Sinhá encerra a temporada 2010 do Noite do Griot

“Minha vida foi toda inventada, cheia de historias”. Do alto dos seus 70 anos de idade, a senhora que profere essas palavras não conheceu os pais e desconhecia a própria data de nascimento. Em meio a tantas invenções, Dona Valdete Cordeiro um dia reuniu senhoras da comunidade carente do Alto Vera Cruz e criou o grupo musical Meninas de Sinhá, reconhecido entre os principais de música regional de Minas Gerais, que se apresenta no próximo dia 09 de junho, às 21 horas, no projeto Noite do Griot, no Teatro Alterosa, com realização do Centro Cultural Casa África (CCCA). O som de tambores, zabumbas e pandeiros, cantigas de roda e ciranda de domínio público e algumas composições próprias compõem o repertório das Meninas de Sinhá. Suas histórias e vivências serão contadas ao público, entre uma música e outra e muitas brincadeiras. Em suas apresentações, as Meninas de Sinhá têm como prazer maior fazer com que as pessoas revivam hábitos e lembranças da infância. “Na roda, quando nos reunimos, além de cantar também brincamos de passar anel, barra manteiga e chicotinho queimado”, conta entusiasmada Dona Valdete. Nesta 5ª edição do projeto, a equipe da Casa África inovou, iniciando com uma atração fora de Minas Gerais, ao levar o paulistano Rappin’ Hood para Porto Seguro. Em março, o compositor, cantor e agitador cultural baiano Carlinhos Brown deu início às atrações do projeto em Belo Horizonte, seguido do rapper Mano Brown, dos Racionais MC’s, da atriz e poeta Elisa Lucinda, o multiartista Marku Ribas e, agora, encerra a edição 2010 com as Meninas de Sinhá. Realizado através do Fundo Nacional de Cultura, com produção de Karú Torres e Cristina Gandra, o evento tem entrada franca, com ingressos limitados a um por pessoa, que serão distribuídos a partir das 19h30, na bilheteria do teatro. O cenário dessa edição foi concebido especialmente pelo artista plástico e cartunista Cau Gomes, belorizontino radicado há mais de uma década em Salvador. Sobre as Meninas de Sinhá Criado por Dona Valdete Cordeiro no dia 08 de dezembro de 1996, o Grupo Meninas de Sinhá reúne cerca de 30 mulheres, com idades entre 46 e 91 anos, todas moradoras do aglomerado Alto Vera Cruz. Dona Valdete conta a história: “eu observava muitas mulheres saindo da porta do centro de saúde com sacolas de medicamentos antidepressivos. Percebi que o que elas mais sentiam era tristeza, agonia, solidão... Não eram doenças para remédios. O que elas precisavam de verdade era melhorar suas auto-estimas. Então, fui convidando uma a uma para nos reunirmos para conversar, fazer trabalhos manuais e brincadeiras. Assim, naturalmente, foi surgindo o Meninas de Sinhá, pois cada uma veio trazendo uma música que lembrava da infância e partilhando com as outras”, conta orgulhosa. Foram diversos encontros semanais para cantar cantigas, dançar e relembrar brincadeiras da infância, que se transformou em trabalho artístico de preservação da memória da cultura popular, sendo convidadas para fazer apresentações. Em 2007, o grupo gravou o primeiro CD Tá caindo fulô, composto por 19 músicas, todas de domínio público com adaptação, tendo na faixa-título a participação do grupo de rap N.U.C. Ao longo dos últimos anos, o Meninas de Sinhá vem se afirmando no cenário cultural de Minas e conquistando reconhecimento. Em 2007, elas receberam o Prêmio Cultura Viva e, em 2008, foram agraciadas com o Prêmio TIM de Música, na categoria Regional, e o 6º Prêmio Rival Petrobrás de Música, na categoria Aval do Rival. Noite do Griot – 5 anos Entre os vários projetos, o Noite do Griot surgiu em 2005, com especial carinho do CCCA, para valorizar as tradições da matriz africana de expressão oral, da poesia à música com heranças na afrobrasilidade, nos mais variados gêneros e geografias culturais. “Pela organização perfeita, pelo seleto público que acorre aos eventos e pela firmeza de propósitos que motiva os organizadores, o Noite do Griot é um grande destaque em meio ao grande número de projetos vazios, amadorísticos, que vêm, por puro oportunismo, ocupando a cena cultural afrobrasileira”, defende Nei Lopes, sambista e compositor carioca que participou do projeto em 2008. Sobre Griots O trânsito secular de saberes por meio da Tradição Oral, através de pessoas que eram e são guardiãs de grande parte da história de nações inteiras, das quais versam sobre as glórias do passado de dinastias dos grandes impérios africanos, até a preservação de rituais e preceitos que coexistem nas sociedades atuais. Esses são os chamados griots, que mais que pessoas comuns são dotados de profundo conhecimento transmitido geração a geração, tendo ainda muitas habilidades artísticas, como a música, retórica e a poesia, muitas vezes transmitidas em locais públicos, seja em praças ou embaixo de frondosos baobás. Outras informações: (31) 3237-6611

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