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Dão-Lalalão, os sinos do amor

No conto “Dão Lalalão” do livro Noites do Sertão, de Guimarães Rosa, Soropita, um ex-boiadeiro do sertão de Minas, regressa do Andrequicé, onde vai com frequência para ouvir um capítulo da novela de rádio e recontá-lo aos companheiros do Ão – povoado onde mora. Em seu caminho para casa, ele se vê às voltas com mil lembranças, divagações e fantasias principalmente sobre sua vida com as mulheres que conheceu nos cabarés que frequentava na cidade de Montes Claros. Uma dessas mulheres – Doralda – que é dona de seu coração e com quem Soropita está atualmente casado, povoa de modo singular suas fantasias temperadas pelo desejo real de chegar em casa e estar novamente com ela. Antes que isso aconteça, entretanto, Soropita encontra pela estrada com Dalberto, vaqueiro velho amigo, que resolve acompanhá-lo até sua casa no Ão, sem sequer imaginar o que sua presença despertará em Soropita – novas fantasias, medos e inseguranças que mal poderão ser controladas. Na montagem “Dão Lalalão, os sinos do amor”, toda a intensidade e poesia do texto roseano ganham ainda mais força e beleza na voz das narradoras Dôra Guimarães e Elisa Almeida, fundadoras do Grupo Tudo Era Uma Vez, já com larga experiência na narração de Guimarães Rosa. O roteiro segue a proposta de dramaturgia de Cacá Brandão e a direção de narração/encenação da atriz e contadora de histórias Beatriz Myrrha. A música pontuando passagens de maior emoção e um cenário simples e de bom gosto conduzem o ouvinte à trama da história, tecida pela beleza da palavra falada em Guimarães Rosa. Doralda era um consolo. Uma água de serra – que brota, canta e cai partida: bela, boa e oferecida. A gente podia se chegar ao barranco, encostar a boca no minadouro, no barro peguento, amarelo, que cheira a gosto de moringa nova, aquele borbotão d’água grogolejava fresca. Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir – segunda, quarta e sexta – para escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na idéia, e, retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia aos outros. Daí quase cada pessoa saía recontando, a divulga daquelas estórias do rádio se espraiava, descia a outra aba da serra, ia à beira do rio, e, boca e boca, para o lado de lá do São Francisco se afundava, até em sertões. Surupita, amor é coragens. E amor é sede depois de se ter bem bebido. Serviço: Espetáculo: “Dão-lalalão, os sinos do amor”, com o Grupo Tudo Era Uma Vez Datas: 11 a 14 e 18 a 21 de junho Horários: de quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h Local: Teatro João Ceschiatti, Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro. Belo Horizonte/MG) Ingressos: R$16,00 (inteira), R$8 (meia-entrada) Classificação etária: 12 anos

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