A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura, dá mais um passo importante em direção à descentralização cultural. Neste mês, começam suas atividades os Centros Culturais Vila Fátima, dia 21, às 10h, Vila Santa Rita, dia 22, às 10h, e Lindéia/Regina, às 10h, Urucuia, às 14h, ambos no dia 28.
Para o diretor de Ação Cultural da Fundação, Bernardo Mata Machado, todos os quatro novos centros culturais são demandas da população, via Orçamento Participativo - OP, o que lhes confere ainda mais importância. O diretor ressalta, ainda, as três principais expectativas populares em relação aos centros culturais, verificadas na época do OP: “a primeira é ter acesso à cultura próximo às suas casas. Posteriormente, é o anseio de que a cultura ocupe o tempo livre e a mente das crianças e jovens. Por fim, a expectativa de que a formação artística gere renda e um futuro melhor na região”.
Abilde Carneiro, diretora especial de Equipamentos Culturais, reforça a importância dos centros culturais para a cultura belo-horizontina: “hoje, os centros culturais possibilitam a promoção da cidadania cultural e a redução da segregação nesta área, que por muito tempo prevaleceu na cidade”.
Centro Cultural Vila Fátima – rua São Miguel Arcanjo, 215, Vila Nossa Senhora de Fátima
Situado em um dos maiores aglomerados da América Latina, Serra, o Centro Cultural é fruto das reivindicações do movimento cultural local e buscará desenvolver ações em consonância com esse movimento. São expressivos no aglomerado grupos culturais ligados ao hip hop e outros afro-descendentes, sendo a dança e a música, possivelmente, as principais vocações artísticas da Vila.
Por estar perto da grande reserva ambiental da Fundação Benjamin Guimarães e do Parque Estadual da Baleia, o CCVF deve, também, atuar na área de memória e patrimônio, em questões ambientais e ações referentes à história da formação urbana e social dos aglomerados. O Centro Cultural foi aprovado no Orçamento Participativo - OP 2005/2006.
Centro Cultural Vila Santa Rita - Rua Ana Rafael dos Santos, 149, Vila Santa Rita
O Centro Cultural Vila Santa Rita está localizado em um grande conjunto habitacional surgido na década de 1990. Além disso, a Vila Santa Rita é uma ZEIS – Zona de Especial Interesse Social, da região do Barreiro. Portanto, as áreas de memória e história do movimento social organizado em prol da habitação popular deverão ser temas sempre presentes no Centro Cultural.
Aprovado no OP 2005/2006, outra característica do CCVSR tende a ser a influência da cultura negra, devido à população majoritariamente afro-descendente na região. Essa característica ficou evidente nos encontros de mobilização para a implantação do Centro Cultural, com a presença de grupos musicais ligados às matrizes africanas, hip hop e capoeira.
Centro Cultural Lindéia/Regina – rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Regina
Aprovado no Orçamento Participativo de 2003/2004, o Centro Cultural Regina/Lindéia promete ser um reduto de discussão sobre temas relativos à memória social das comunidades locais, já que a população do Lindéia e região, oriunda do movimento operário, sempre se caracterizou por ser altamente politizada.
Uma pesquisa recente da PUC-MG comprovou, ainda, a enorme musicalidade dos bairros situados na área de influência do Centro Cultural. A região, povoada originalmente por pessoas vindas do interior de Minas, guarda as tradições da viola caipira e da canção sertaneja legítima, raízes da música popular mineira. Na década de 1970, já eram desenvolvidas grandes atividades culturais, tais como o Festival de Música do Lindéia, Feiras de Cultura Populares, registros de saberes da tradicional medicina popular, além da presença de grupos de quadrilhas, capoeira e congado.
Centro Cultural Urucuia – rua W 3, 500, Urucuia
Situado próximo a um grande e recente conjunto habitacional, o Centro Cultural será o segundo equipamento público do bairro, implantado pela própria vontade popular, por meio do OP 2003/2004. O bairro Urucuia teve origem em terrenos das antigas fazendas da família Cardoso e Pongelupe, que originaram os bairros Cardoso, Pongelupe e Solar. Após uma reorganização, a região foi reunida com o nome de Urucuia, sendo, entretanto, preservadas pela população as referências territoriais anteriores.
O bairro se localiza no sopé da Serra do Curral, o que lhe confere uma notável ambientação paisagística.