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Mostra inédita leva cem anos de arte brasileira da Coleção Itaú à Fundação Clóvis Salgado
Com curadoria de Teixeira Coelho, a mostra inédita 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú apresenta um recorte da produção artística realizada no país nos últimos 100 anos; Belo Horizonte é a primeira cidade a receber essa exposição que, até o final de 2011, também será vista no Paço Imperial no Rio de Janeiro Do quadro A Pequena Aldeã, óleo sobre cartão de autoria de Lasar Segall na primeira década do século XX, à instalação imersiva e interativa [Op_Era] Haptic Interface, realizada por Rejane Cantoni e Daniela Kutschat no começo do século XXI, a exposição 1911-2011 Arte Brasileira e Depois, na Coleção Itaú apresenta 175 obras que dão um panorama da evolução na produção artística no país em um recorte de um século. Abre no dia 4 de julho, em coquetel para convidados, no Palácio das Artes e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, da Fundação Clóvis Salgado. Permanece em cartaz para o público de 5 de julho a 25 de setembro. Ao curador Teixeira Coelho se reuniram Daniela Thomas e Felipe Tassara, que assinam a expografia, e Carlito Carvalhosa na programação visual. A organização e realização são do Núcleo Artes Visuais / Acervo de Obras de Arte do Itaú Cultural. Todas as obras fazem parte da Coleção Itaú, que começou a tomar forma no início da história do grupo há mais de 60 anos. Atualmente esse acervo contém cerca de 3.600 peças representativas de todos os movimentos da história da arte nacional. Somado às mais de 6.400 peças da Coleção Numismática, com moedas, condecorações em medalhas, e aos cerca de 2,2 mil itens da coleção Brasiliana, totaliza mais 12,2 mil peças. “Esta mostra faz parte do esforço permanente do Grupo Itaú para que o grande público tenha acesso aos diferentes recortes de sua coleção”, observa Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Para a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Solanda Steckelberg, “a mostra contribui para a expansão do debate sobre a arte brasileira, democratizando o acesso a acervos inéditos em Minas Gerais e reafirmando a política de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado”. Depois de ser vista em primeira mão em Minas Gerais, ela seguirá para o Rio de Janeiro. Da marca humana a outras mídias Diante da tamanha diversidade contida no acervo da Coleção Itaú, Teixeira Coelho optou por criar uma série de seis módulos que funciona como fio condutor para o visitante. Eles tanto podem ser compreendidos isoladamente, como, se seguidos de ponta a ponta, traçam com definição o caminho percorrido pela arte brasileira desde as primeiras décadas do século passado até hoje. Começa por A Marca Humana, que, como o curador observa, traz a primeira modernidade brasileira ainda amplamente representacional. Nela, a figura humana ainda é central, como nas obras Autorretrato, de José Pancetti, Seringueiros, de Cândido Portinari, a já citada A Pequena Aldeã, de Segall, ou o óleo sobre madeira Sem Título, de Vicente Rego Monteiro, entre as 28 obras que compõem esse módulo. Em seguida, Irrealismos com 19 peças. Embora a figura humana e a paisagem ainda apareçam nessa etapa da produção brasileira, o registro é de composições que remetem a si mesmas entre o sonho incontrolado e o imaginário construído. "O tom vai do poético mais lírico, como em Cícero Dias e Sandra Cinto, ao surrealismo incisivo de uma verdadeira `peça de museu´ como O Impossível, de Maria Martins, e à ordem diversamente metafísica de Daniel Senise, João Câmara e Leonilson", observa o curador. Modos de Abstração, o próximo módulo, apresenta 52 obras – seis esculturas entre elas. De Alfredo Volpi a Abraham Palatnik, passando por Sérgio Fingermann, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Amílcar de Castro, entre outros, mergulha nos anos 50 quando, em decorrência da I Bienal de São Paulo (1951), a arte brasileira passou a se concentrar em temas interiores, livres de uma referência imediata ao mundo exterior – transitando gradualmente do figurativismo para a abstração. Os concretos dominaram a cena, seguidos dos neoconcretos, abstracionistas informais ou expressionistas e começaram um diálogo em pé de igualdade com a arte internacional. O mergulho seguinte é em A Contestação Pop, cujas 13 obras trazem a arte pop que se inspira na releitura de imagens de outros meios como os quadrinhos, a fotografia de jornal, as embalagens dos produtos comerciais e objetos da cultura de massa. É o que se vê, de modo claro, em obras como Passeata de Protesto, técnica mista sobre papel de Antonio Dias; Che Guevara, acrílica sobre papel de Rubens Gerchman, ou Protetor para Identidade, serigrafia e colagens de Paulo Brusky. Na Linha da Ideia, mais um módulo, é dividido em seis subgrupos: Arte e Anti-arte, O Juízo Jocoso, Palavra Imagem, A Arte como Arte, Pintura Pós Pintura, Não Objetos e Anti Forma, em um total de 56 peças. Segundo Teixeira Coelho, eles correspondem a um vasto e aberto período da arte identificado como pós-moderno, iniciado no mundo na década de 60 e no Brasil na seguinte, apesar dos traços precursores de Oiticica ou Lygia Clark. É um período, de acordo com o curador, em que toda funcionalidade e finalidade da arte são ignoradas. "O experimental parece ser a regra e não a exceção e mesmo quando uma proposta se assemelha exteriormente a algo do passado, o gesto do artista que comanda a ação é outro", explica ele. “A arte tornou-se aquilo que Da Vinci queria que fosse: uma coisa mental, que ocorre mais na cabeça de quem a faz e vê do que no suporte físico exterior de que se serve”. Entre os artistas que assinam as 56 obras desse conjunto, estão de Julio Plaza a Tunga e Iole de Freitas, passando por Mario Ishikawa, Evandro Carlos Jardim, Amélia Toledo, Regina Silveira, Leda Catunda e Nelson Leirner. Por fim, o grupo Outros Modos, Outras Mídias reúne obras em diversos suportes e cujas propostas são as mais distintas – desde a ação sobre o próprio corpo à contemplação poética e à interação com a obra, permitida pelas experimentações digitais. Esse núcleo apresenta sete trabalhos, entre os audiovisuais Marca Registrada e Coletas, respectivamente de Letícia Parente e Brígida Baltar; a holografia O Arco-Iris no Ar Curvo, de Julio Plaza e Moysés Baumstein; “Memória” Cristaleira, uma vídeo-instalação de Eder Santos; Descendo a Escada, animação digital, com vídeo e projeção sincronizada sobre o chão e a parede, de Regina Silveira; Reflexão #3, um software customizado, com trilha e teclado interativos de Raquel Kogan, e a instalação imersiva e interativa [Op_Era] HapticInterfac, de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat.
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