Notícias

A artista mineira Maria Martins (1894-1973) exerceu papel fundamental para a mudança de padrão do cânone escultórico nacional e, no entanto, seu nome e sua obra ainda são pouco conhecidos no cenário artístico brasileiro. O livro Maria Martins – Escultora dos Trópicos (ARTVIVA Editora), de Graça Ramos, pretende contribuir para a valorização e divulgação da obra desta artista, a única brasileira a conviver com nomes fundadores do movimento surrealista, como André Breton. Com 288 páginas, 150 imagens, formato 23 x 30cm, com versão em inglês, introdução de Paulo Herkenhoff, e projeto gráfico do Studio Ronaldo Barbosa, a edição bem-cuidada, de capa dura, terá três mil exemplares. A autora realiza o lançamento da obra em Belo Horizonte, no dia 02 de julho, quinta-feira, às 19h, no Teatro João Ceschiatti, do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro) O livro detalha a importância da mudança de paradigma que Maria Martins operou em nossa tradição escultórica. “Foi Maria, com suas imagens de meio-homem, meio-árvore, meio-bicho, quem rompeu, dentro da arte brasileira, com a noção do corpo bem ordenado, idealizado à perfeição”, afirma Graça Ramos, que defendeu em 2003 tese de doutorado em História da Arte na Universidade de Barcelona sobre a trajetória da artista. “Ela colocou-nos diante do fragmentado, do assustador, daquilo que também é constituinte do humano, a incompletude”. E fez isto atrelando o corpo humano às formas da natureza brasileira. “Um erotismo carregado de violência”, complementa. Maria Martins – Escultora dos Trópicos apresenta imagens de trabalhos por ela realizados, localizados em coleções privadas e públicas, no Brasil e no exterior, que contextualizam a trajetória da artista, apresentando, inclusive, obras até então desconhecidas. “O livro”, diz Herkenhoff, “se propõe à desconstrução da opacidade lançada no Brasil sobre a obra da escultora”. No final da década de 1930, a artista vai para os Estados Unidos, onde se relaciona com os mais expressivos nomes da arte do século XX, a exemplo de Jacques Lipchitz, Piet Mondrian e Amédée Ozenfant. Seu íntimo relacionamento com Marcel Duchamp exerceu impacto profundo, tanto em seu trabalho, como no do artista criador do “ready made” e precursor da arte conceitual. Maria, como preferia ser chamada, foi além do papel tradicional de musa, tornando-se interlocutora de Marcel Duchamp, como demonstra a autora ao detalhar como se desenvolveu o diálogo intelectual e artístico entre os dois durante a construção de Étant donnés, obra póstuma de Duchamp. Maria foi incluída por Breton no livro O Surrealismo e a Pintura (Paris, Gallimard, 1965), e considerada por Michel Seuphor, na obra La Scupture de Ce Siècle (Neuchâtel, Du Griffon, 1960), como “o grande escultor do Surrealismo”. Mas, ao regressar ao Brasil, em 1949, enfrentou a reação da crítica. O país encaminhava-se para as linguagens construtivas, o que a deixou isolada dentro do cenário artístico. O tratamento agressivo dado pela crítica ao seu trabalho é um dos aspectos detalhados pela autora, que estabelece pela primeira vez uma análise da recepção da obra da artista. Premiada como melhor artista na III Bienal de São Paulo, em 1955, e objeto de uma mostra individual em 1956, no Rio de Janeiro, Maria Martins só voltou a ser objeto de uma exposição individual no Brasil em 1997, na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, em São Paulo. “Passou anos esquecida pela crítica, curadores e historiadores de arte. O processo de resgate de sua obra começou a se intensificar desde então, e o livro pretende complementar essa lacuna, proporcionando uma análise mais aprofundada de sua trajetória”. Especificações Maria Martins – Escultora dos Trópicos (ARTVIVA Editora) Texto: Graça Ramos Introdução: Paulo Herkenhoff Formato: 23 x 30 cm Capa Dura Páginas: 286 ISBN: 978-85-99616-07-9 Preço capa: R$ 149,00 Serviço: Lançamento do livro Maria Martins – Escultora dos Trópicos (ARTVIVA Editora) Dia 02 de Julho, quinta-feira, às 19h - Teatro João Ceschiatti – Palácio das Artes Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro