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Entre os dias 07 e 11 de julho o Instituto Libertas de Educação e Cultura, de Belo Horizonte, promove a primeira edição do Círculo de Cultura Pedagógica, encontro de educação continuada. O tema do encontro é “O sentimento de pertencimento no sujeito com necessidades especiais e em todas as pessoas”. Pais e terapeutas dos alunos com necessidades especiais e toda a equipe de educadores do Libertas aprofundarão as reflexões em torno da inclusão social. Aproximadamente 70 pessoas irão participar, durante os cinco dias, de seminários e grupos de trabalho. “Queremos que todos percebam o quanto é importante avançarmos no tratamento dessa questão, do acolhimento, e de promover uma educação individualizada, sem produzir sujeitos individualistas, mas, sim, pessoas solidárias”, explica Dina Magalhães, uma das coordenadoras da escola. Na segunda e na terça-feira José Pacheco, educador português reconhecido internacionalmente, conduz seminário sobre ações escolares capazes de desenvolver os valores de solidariedade, responsabilidade, autonomia e o sentimento de pertencimento no sujeito com necessidades especiais e em todas as pessoas. Pacheco irá abordar sua experiência de 30 anos à frente da Escola da Ponte, em Portugal, aplicando a pedagogia da diversidade. No terceiro dia os participantes irão se dividir em grupos para discutir o texto Declaração Libertas para a Educação Inclusiva, elaborado em março de 2007. O documento foi criado com o objetivo de normatizar, de criar uma linha consensual em torno dos princípios de inclusão que regem as atividades da escola. Na quinta-feira o Grupo Zona de Interferência, grupo de dança contemporânea formado por professores universitários, irá apresentar o espetáculo “De quem é o meu espaço?”, seguido de debate. O grupo questiona fenômenos sociais que incomodam, como o espaço que o indivíduo ocupa no espaço público. O encontro termina na sexta-feira, com a apresentação dos trabalhos de cada subgrupo em plenária e propostas para um texto final da Declaração Libertas para a Educação Inclusiva. Os debates serão seguidos por um coquetel de congraçamento. “A partir daí, este documento vai ser homologado e passa a valer como uma norma, para ser revista quando acharmos necessário. Queremos fazer com que haja um pacto de todos em torno dessas idéias e dessa proposta”, completa Dina. O Instituto Libertas, com cerca de 250 estudantes de 2 a 17 anos, possui 12 alunos com diferentes tipos de necessidades especiais e trabalha com uma pedagogia que inclui crianças ditas normais e crianças portadoras de deficiências no mesmo ambiente. Segundo o Ministério da Educação, os tipos de necessidades educacionais especiais compreendem deficiências auditiva, física, mental e visual; altas habilidades/superdotação; Autismo; Síndrome de Down e condutas típicas. Segundo palavras do conferencista José Pacheco, a inclusão passa por uma gestão diferente de um mesmo currículo, para que os alunos não interiorizem suas incapacidades, para que não se vejam cada vez mais negativamente como alunos e depois como pessoas. Freqüentemente, sob o rótulo e o estigma da diferença, priva-se a "criança diferente", ainda que inconscientemente, de experiências que lhe permitem ganhar consciência de si como ser social-com-os-outros. José Pacheco e a Escola da Ponte revolucionaram o conceito de educação em Portugal e em outros países do mundo. A instituição teve início em 1976, passados dois anos da Revolução dos Cravos, que derrubou o regime salazarista. Sob o comando de Pacheco, pais, professores e alunos começaram a construir um novo projeto pedagógico para a escola. As salas de aula foram extintas e as atividades passaram a ocorrer em áreas abertas, partilhadas por todos. Pequena, com cerca de 200 alunos, a instituição recebe crianças a partir dos cinco anos de idade, que a partir do primeiro ano já constroem seu currículo. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, Pacheco mora em um sítio em Joanópolis, na divisa de São Paulo com Minas Gerais. Hoje ele presta consultoria sobre educação para mais de 30 instituições brasileiras.