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Natura apresenta shows e oficinas do BH Choro
Selecionado no Natura Musical o projeto BH Choro traça, em sua primeira edição, a ser realizada entre os dias 7 e 10 de agosto, um panorama completo do gênero. Existem estudiosos da música que afirmam que o choro está, para os brasileiros, como o jazz está para os norte-americanos. "O jazz é como a democracia. Cada um tem direito a seu solo, mas tem de negociar esse direito com o conjunto. O mesmo serve para o choro”, disse, certa vez, o jornalista, compositor, pesquisador e crítico musical Sérgio Cabral sobre o ritmo imortalizado por Pixinguinha, Jacob do Bandolim e cia. Tal a riqueza de possibilidades proporcionada pelo gênero que, na maioria das vezes, canções que passam por outros gêneros podem ser transmutadas em choro sem que qualquer pessoa chegue a pensar que o intercâmbio não combina. Um exemplo, para quem não se lembra: ainda na década de 1980, o chorão Altamiro Carrilho foi o responsável por uma performance inesquecível ao fazer com sua flauta uma introdução muito roqueira para “O Calhambeque”, clássico da fase iê-iê-iê de Roberto Carlos, isso em um dos seus especiais na televisão. O amplo espectro emanado pelo chorinho é o cerne do festival BH Choro, que, em sua primeira edição, acontece entre os dias 7 e 10 de agosto, no Teatro Municipal de Nova Lima (dia 7) e nas demais datas na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, reduto boêmio de Belo Horizonte. Os shows, todos gratuitos, serão capitaneados por grandes e diversificadas atrações, o que vem ao encontro da pluralidade atribuída ao ritmo. No rol de atrações, nomes de peso como Turíbio Santos, Hamilton de Holanda e Henrique Cazes, entre outros. Além dos shows, também estão programadas oficinas, que serão ministradas pelos músicos convidados. O BH Choro é um dos projetos selecionados no Edital Regional MG 2007 do programa Natura Musical. O diálogo entre o choro e outros ritmos é tão direto que, nesta primeira edição, o BH Choro homenageia não um ícone do chorinho, mas Cartola, o mais bamba dos bambas do samba, cujo centenário de nascimento é agora em 2008. Assim, cada um dos artistas participantes incluirá, em seu repertório, pelo menos uma música do mestre Cartola. GÊNESE Não há como precisar como nasceu o choro. Mas, certamente, foi no Rio de Janeiro que o ritmo se encorpou e ganhou força, isso por volta dos anos 1900. Era, na época, uma forma de tocar de um jeitinho brasileiro as canções européias que chegavam por aqui. Isso com total liberdade de improvisação, misturando as técnicas oriundas do erudito com a malícia e a ginga características da canção popular. Segundo o sociólogo Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, o choro é uma verdadeira mistura cultural. “Aos escravos não era permitido o acesso aos bailes e saraus brancos, como sói acontecer. Ouviam a música que lá se produzia e, utilizando-se de instrumentos que lhes eram mais acessíveis, reproduziam a estrutura melódica da música branca, acrescentando-lhe, todavia, o ritmo negro. O choro é, portanto, a soma do batuque, do lundu, com a música portuguesa, a polca, a valsa, o minueto, e de outros mais”, explica o sociólogo.
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