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O sertão de Guimarães Rosa: das páginas para o cinema
Após as comemorações de seu centenário de nascimento, em 2008, o escritor cordisburguense João Guimarães Rosa – um dos maiores gênios da literatura mineira e brasileira – ganha mais uma homenagem. Sob produção da Prodigo Films, a saga de Augusto Matraga, personagem do último conto do livro Sagarana, clássico escrito em 1946, saí das páginas para a tela do cinema. O longa-metragem A hora e a vez de Augusto Matraga será inteiramente rodado em Minas Gerais. Na semana que vem, terça e quarta-feira (01 e 02 de setembro) a equipe estará na cidade de Biribiri próximo à Diamantina, povoado totalmente tombado pelo Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) . As filmagens têm apoio da Minas Film Commission, projeto do Governo de Minas Gerais, coordenado pela Secretaria de Estado de Cultura, que oferece apoio logístico e de acesso à locação de espaços para incentivar a produção de audiovisual nas cidades mineiras. O secretário de Estado de Cultural de Minas Gerais, Paulo Brant, acompanhará as filmagens no povoado. “Intermediamos o contato com as cidades para viabilizar as filmagens como, por exemplo, a negociação com a Cemig para a retirada dos postes, pois o filme é de época. Também solicitamos ao Iepha permissão para as interferências cenográficas nas localidades e apoio no monitoramento”, diz Carolina Gontijo, diretora executiva da Minas Film Commission. Com direção de Vinícius Coimbra, a produção, independente, traz como protagonista o ator João Miguel, no papel de Augusto Matagra, acompanhado do elenco de primeira linha: Fernanda Montenegro, José Dumond, José Wilker, Chico Anísio e Vanessa Gerbelli, além de mineiros como Rômulo Braga, Glicério Rosário e Peninha, e de atores de outros estados. Coimbra conta que para traduzir o texto de Guimarães Rosa para o cinema todos os atores passaram por aulas de equitação e laboratório no Rio de Janeiro. Para transpor à obra roseana para o cinema, a direção de arte de Moa Batsow transformou a pequena cidade de Biribiri, projetada no século XIX para abrigar, inicialmente 400 funcionários de duas fábricas montadas na vila. O lugarejo foi recriado para caracterizar o início do século XX, em que se passa o conto do autor. Os postes de luzes foram retirados e as casas ganharam tom envelhecido que mesclado à terra vermelha e ao chão batido retratam o sertão de Guimarães Rosa. O vilarejo já foi cenário dos filmes A dança dos bonecos, de Helvécio Ratton, e Chica da Silva, de Cacá Diegues. Além de Biribiri, outras cidades mineiras emprestaram suas belezas como cenários, entre elas Capivari, São João da Chapada e o distrito de Sopa. O conto Augusto Matraga é um fazendeiro violento, que traído pela esposa e emboscado por seus inimigos, acaba massacrado e dado como morto. É salvo por um casal de negros e, desde então, volta-se para a religiosidade. Mas conhece o jagunço Joãozinho Bem-Bem, que nele percebe o homem violento. Matraga passa a viver o conflito entre o desejo de vingança e sua penitência pelos erros cometidos.
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