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Exposição “Da Sucata à arte na Recreio BH”, do artista Helbert de Lourdes Oliveira, foi prorrogada até 5 de setembro
Iniciativa inédita no país, a exposição valoriza a sustentabilidade e abre novos caminhos para jovem da periferia A exposição “Da Sucata à arte na Recreio BH”, inédita entre as concessionárias Volkswagen do país, foi prorrogada até 5 de setembro. A mostra, que utiliza portas, capôs, parachoques e paralamas, conta com doze trabalhos do jovem artista e grafiteiro, Helbert de Lourdes Oliveira. Segundo o diretor Eric Braz Tambasco, a Recreio sempre deu o destino correto para as sucatas geradas na oficina, mas quis ir além, com a criação de um projeto de cunho ambiental e social para transformação do material em arte. Ele explica que a exposição é a semente inicial de um projeto, que futuramente pode englobar as cerca de 60 concessionárias do Grupo Lider no Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Jovem artista Com o projeto já em mente, faltava encontrar o artista certo, conta o diretor. A concessionária buscava alguém que não fosse conhecido e para quem a exposição representasse também uma oportunidade de transformação social. Foi quando, por uma dessas inexplicáveis coincidências, o jovem Helbert de Lourdes Oliveira, ao ser entrevistado para uma vaga na empresa, falou do seu interesse pela pintura. Na mesma hora, ele foi levado até as sucatas e mostrou um pouco do seu trabalho e foi imediatamente convidado para iniciar o projeto. Morador da periferia de Santa Luzia e proveniente de uma família muito humilde, o jovem disse que sempre gostou de artes, mas que já estava pensando em desistir, por falta de oportunidades. Até então, ele se expressava como grafiteiro, fazendo pequenos trabalhos sob encomenda. Sobre o trabalho Helbert, 22 anos, com segundo grau completo, nome artístico Rondas, conta que sua maior preocupação hoje é fazer um trabalho que tenha conteúdo e que expresse exatamente os seus pensamentos. “Não pinto apenas pelo prazer estético e espero que as pessoas entendam isso, e que cada um faça sua interpretação sobre o que vê”. O caos das cidades, o consumismo, o cotidiano massacrante, a massificação são temáticas que ele procura retratar em cada peça, em momentos que exigem muita inspiração. Ele conta que no início desenhava mais letras e símbolos, mas depois foi amadurecendo e hoje procura colocar um teor sociológico nos quadros, baseado em sua vivência nas ruas e na arte dos muros que sempre praticou. Aqui, ele fala de alguns dos trabalhos criados especialmente para a exposição: Regressão da espécie – Apesar de todos os avanços tecnológicos, culturalmente a espécie humana está regredindo. A violência cada vez maior mostra isso. Por isso, retratei um macaco, que representa a não evolução da espécie. Ao mesmo tempo, expressei o desejo de que essa violência se transforme em paz, que é a palavra que sai da arma. Nascimento – Pensei em algo que simbolizasse as novas perspectivas que estou vivendo, e o nascimento de uma criança expressa muito bem isso. Eu já tinha pensado em desistir quando veio essa oportunidade. Por outro lado, o painel também traz uma mensagem positiva relacionada ao amor da mãe para com o filho. Caos – Neste quadro, mostro um homem no meio do caos da cidade, perdido. As bolinhas verdes representam um pensamento que não consegue se materializar e as dificuldades que as pessoas têm hoje de se expressarem e se fazerem entender. Mulher com máquinas – Esse quadro retrata o consumismo, que acaba engolindo as pessoas. Por causa do consumismo, do dinheiro, valores importantes como a família acabam ficando de lado. Olhos – É uma pintura surreal. Usei cores escuras, para retratar pessoas com faces indefinidas, sem opinião, vazias, que não questionam, não têm atitude, e não acreditam em si próprias. Pensamentos secos – A pintura mistura a expressão humana a um desenho animado. A árvore representa o pensamento seco, sem folhas e frutos, saindo da cabeça de um ser humano vazio de ideias e ideais. Símbolos – Esse quadro tem um valor muito especial para mim, é o mais importante, na realidade, pois representa o começo da minha arte, nas ruas. Um trabalho que foi amadurecendo, ganhando novas temáticas, profundidade, que é como eu me sinto hoje. Acho a exposição mostra essa evolução. Pássaro – Representa a alegria e a calmaria. Um pouco do que estou vivendo, hoje, em minha vida. É comum, no nosso dia a dia, deixarmos de contemplar a beleza da ave ou ouvir a simplicidade de seu canto. Águia – Além de ser o símbolo do Grupo Lider BH, a águia tem muito a ver comigo, pois simboliza a agilidade e a fidelidade. Eu sou uma pessoa muito fiel aos meus ideais e opiniões. Meninos – Representa dois jovens muito parecidos, porém de classes sociais diferentes. O abismo que separa os adolescentes não é a classe social, mas sim o conhecimento. Eu quero mostrar que pode ocorrer um diálogo entre os indivíduos de classes sociais diferentes. O que importa não é o dinheiro, mas sim a troca de conhecimento. Recreio – Ao fazer esse painel, pensei em quem está sendo responsável por essa oportunidade de expor o meu trabalho. Essa pintura mostra a porta de entrada para as oportunidades.
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