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Vinte e Cinco anos de Papo e Cultura

“Mineiro é bom de papo.” Um ditado que se ouve há muito tempo e cada vez mais se justifica e talvez por isso não existisse um melhor lugar para surgir um programa como o Sempre um Papo. Belo Horizonte, Minas Gerais. Idealizado por Afonso Borges, escritor mineiro, nascido em BH, no ano de 1962, O Sempre Um Papo é um projeto de incentivo à leitura que está completando suas bodas de prata, ou seja, 25 anos de muito sucesso, alegria, literatura e bons papos, é claro. Durante estes anos passaram pelos palcos do programa as maiores expressões literárias nacionais e internacionais, que levaram este projeto a ser considerado um dos programas de maior credibilidade nacional. Para a festa de aniversário, Afonso Borges, preparou uma grande surpresa para os belo horizontinos. Na noite do dia cinco de setembro de 2011, realizou-se no Grande Teatro do Palácios das Artes, o encontro entre oito importantes escritores nacionais, com entrada gratuita e direito à hora de autógrafos. Os convidados eram Frei Beto que lançou seu romance “Minas de Ouro”, Fernando Morais lançou “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, Ruy Castro e Heloisa Seixas lançaram “Terra marear – Peripécias de dois Turistas Culturais”, Leonardo Boff, “Cuidar da Terra, Proteger a Vida”, além da presença de Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo e Zeca Camargo que teve o privilégio de mediar este debate. Zeca Camargo iniciou a noite saudando Afonso Borges pela duração, sucesso e reconhecimento de seu projeto, além de dar boas vindas ao público que literalmente lotou o Grande Teatro e passou o microfone a Frei Beto. Ele agradeceu ao convite. Cumprimentou a platéia. Descreveu sobre seu novo romance e disse sentir-se orgulhoso de ter participado do primeiro programa Sempre Um Papo, poder acompanhar o seu crescimento e fazer parte desta história, inclusive comemorar seus vinte e cinco anos, junto a uma mesa com tantos nomes importantes da literatura. Ruy Castro, escritor e jornalista e Heloísa Seixas escritora e tradutora, falaram sobre seu mais novo lançamento, o livro “Terra marear – Peripécias de dois Turistas Culturais”, que segundo eles conta suas aventuras em viagens pelo mundo afora, a trabalho ou a passeio e que esta é a primeira obra que produzem juntos. Ruy disse da importância de programas como o Sempre Um Papo para a divulgação da literatura e da propagação de leitores pelo Brasil, e brincou: “Espero estar presente nas bodas de ouro daqui a 25 anos”. Fernando Morais pegou um gancho nas palavras de Ruy e parabenizou Afonso Borges, pela passagem da data e o público por lotar um espaço como este, a propósito de participar de um programa de debate sobre literatura, aproveitou para alfinetar o Prefeito e a Secretária de Cultura com a seguinte declaração: “Se vocês investirem realmente na educação, daqui a vinte cinco anos nas bodas de ouro teremos de alugar um local dez vezes maior que este teatro”. O público aplaudiu de pé as suas palavras. Fernando Morais retornou ao discurso e explicou um pouco de que se trata seu décimo livro “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, tratado por ele como uma grande reportagem que virou livro, indispensável leitura a jornalistas e a quem goste de uma boa matéria histórica. Os professores presentes, em greve há certo tempo, aproveitaram para se manifestarem e tiveram o apoio de Leonardo Boff, que pronunciou a frase: “Vocês vão ser vitoriosos, pois tudo que é justo, no final é alcançado”. Boff, Doutor em teologia e filosofia, reconhecido por sua luta a favor dos pobres e da ecologia lançou seu livro “Cuidar da Terra, Proteger a Vida”, que discute a relação do ser humano com o planeta, onde o primeiro dizima o segundo, que é o seu habitat e que o outro não suportará por muito tempo suas atitudes. Terminou dizendo: “Um planeta limitado não pode sobreviver a um projeto ilimitado.” Luis Fernando Veríssimo, que não tinha livro sendo lançado naquela noite, mas grande figura da literatura e do jornalismo nacional veio participar da festa e elogiou muito o programa Sempre Um Papo e afirmou que Afonso Borges merecia um prêmio pela sua luta e persistência a favor da literatura e da difusão da leitura no país. Zuenir Ventura disse já não ter mais palavras para pronunciar a respeito do que Afonso Borges conseguiu durante esses anos do programa Sempre Um Papo, mas que tinha um trunfo, ele poderia não ser o mais velho a comparecer no programa, mas é com certeza o mais assíduo, pois sempre foi figurinha tarimbada no Sempre Um Papo e por isso pôde presenciar muitas coisas bacanas. Uma delas foi quando da presença de José Saramago, ouviu na platéia a seguinte argumentação deste escritor: “Este tipo de programa onde se coloca o escritor face a face com o espectador, é tão importante para a relação entre ambos, que para se ter uma idéia, daqui é possível sentir o vento de suas palmas.” Zeca Camargo retornou ao microfone, agradeceu a todos e disse que era uma sensação inexplicável o que estava sentindo. Ele apesar de mineiro foi criado no Rio de Janeiro, na casa de um tio poeta, onde todas estas figuras presentes na mesa e outros tantos nomes tinham passagem freqüente. Na época não entendia muito que se passava, mas com passar do tempo e o crescimento literário pode ler vários destes autores e hoje tem a consciência da importância de cada um e que era altamente privilegiado por hoje estar sentado ao lado deles. “Somente um programa como o Sempre Um Papo, poderia proporcionar este encontro”. Fechou a noite de debate sobre aplausos. Após o debate estes grandes homens, escritores, produtores da atual história nacional, se dispuseram a atender todos que quisessem um autógrafo. O público pôde ir para casa satisfeito, pois pessoas corajosas como Afonso Borges, capaz de agregar tantas mentes na busca de uma melhoria coletiva, têm a capacidade de produzir programas como o Sempre Um Papo e aproximar leitores e escritores, palavras e mentes, na busca de uma sociedade mais justa e cidadãos mais críticos e conscientes. Por Elmo Gomes

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