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Crítico inteligente
Irreverente, cômico, adorador de verdades diretas. O professor, crítico e escritor Eduardo Frieiro será homenageado pela Superintendência de Bibliotecas Públicas da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, com a exposição Eduardo Frieiro: um retrato multifacetado, em cartaz na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, a partir do dia 29 de outubro. O objetivo da mostra é convidar o leitor a (re)encontrar esse escritor que integrou a geração responsável pela grande renovação da literatura mineira nas décadas de 20 e 30 do século XX. Para a Superintendência de Bibliotecas Públicas, a exposição é especial por se tratar também de uma homenagem ao idealizador da Biblioteca Pública. Em 1954, Eduardo Frieiro foi convidado pelo então governador de Minas, Juscelino Kubitscheck, para formar e organizar a Biblioteca Pública do Estado. Ocupou a direção da instituição até 1963, e após esse período continuou visitando a Biblioteca, sobretudo para procurar revistas italianas, espanholas e francesas. “Eduardo Frieiro, esse ‘crítico inteligente’, foi generoso em compartilhar sua paixão pelo livro e pela leitura, seja como romancista, ensaísta, crítico, editor ou bibliotecário, facilitando ao leitor o acesso ao mundo dos livros”, afirma Maria Augusta da Nóbrega Cesarino, Superintendente de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais. O Secretário de Estado de Cultura, Paulo Brant, enfatiza a importância do escritor para a instituição: “A própria Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa é grata reprodução do devotamento de Frieiro à causa da boa leitura, da existência de uma biblioteca, da disseminação de obras em todos os níveis de conhecimento”. Assim como Bento Pires, personagem de seu romance de estréia, O Clube dos Grafômanos (1927), Eduardo Frieiro só frequentou o curso primário durante dois anos e meio. Autodidata, Frieiro era um leitor voraz, e sua surpreendente versatilidade permitiu-lhe conciliar a obra de ensaísta, crítico e romancista. Dois de seus livros se tornaram clássicos da literatura mineira, O Diabo na Livraria do Cônego e Feijão, Angu e Couve. O amor pelos livros foi tão definitivo que o autor escreveu o ensaio Os Livros, Nossos Amigos, cujo título por si só representa uma tomada de posição. A obra desperta a curiosidade do leitor às variadas perspectivas do livro: histórica, tipográfica, psicológica, estética, comercial, entre outras. Frieiro acreditava na importância da função da biblioteca, que segundo ele, “vale por muitas e muitas escolas”, e destacava que “a alegria de conhecer constitui uma parte da alegria de viver”. Indignado com a extinção da Biblioteca Municipal, em 1963, o escritor manifestou sua tristeza publicamente: “Sei o que vale uma biblioteca pública, mesmo modesta. Eu seria hoje pouco mais que analfabeto se, ao tempo de minha juventude pobre, não existisse a Municipal”. Alheio às entrevistas, ele acreditava que o escritor só existe de fato em sua obra. Frieiro não gostava de compor o seu próprio retrato, acreditando que o homem se conhece imperfeitamente.
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