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UFMG lança livro sobre Audiodescrição

Recurso amplia o acesso dos deficientes visuais à produtos culturais, esportivos e informativos Cinema, televisão, espetáculos de dança, teatro, exposições de arte, estádio de futebol ou de qualquer outro esporte. Em nosso dia a dia não é difícil eleger um desses programas para compartilhar com amigos e familiares. Mas e se você fosse portador de algum tipo de deficiência visual? Escolheria alguma dessas opções para se divertir? A maioria das pessoas que se encontra nessa situação responderia que não. Pelo menos é o que apontam as pesquisadoras Flávia Mayer e Luiza Guimarães. Proporcionando ao deficiente visual novas formas de se relacionar com esses universos, elas publicam com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG o livro Diagnóstico de Comunicação para a Mobilização Social: promover autonomia por meio da audiodescrição; foi lançado no dia 26 de Outubro, às 13hs, no Instituto São Rafael. Para promover a aproximação entre produtos culturais e deficientes visuais, o livro traz como tema central a audiodescrição. Ela é um recurso de acessibilidade que amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual em eventos culturais, gravados ou ao vivo, como peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas, desfiles e espetáculos de dança; eventos turísticos, esportivos, pedagógicos e científicos tais como aulas, seminários, congressos, palestras, feiras e outros, por meio de informação sonora. É uma atividade de mediação linguística, uma modalidade de tradução intersemiótica, que transforma a informação visual em informação sonora, abrindo possibilidades maiores de acesso à cultura e à informação e contribuindo, assim, para a inclusão cultural, social e escolar. Além das pessoas com deficiência visual, a audiodescrição amplia também o entendimento de pessoas com deficiência intelectual, idosos e disléxicos. Por meio de uma faixa de áudio extra integrada ao som original do produto (seja ele audiovisual, teatro, ópera, dança, etc), um locutor utiliza os espaços de silêncio entre as sonoplastias e as falas dos personagens para narrar informações visuais importantes para a compreensão da história. “Imagine que você está assistindo a um filme. Nele, um personagem rouba um documento importante que estava sob uma mesa e isto muda todo o desenrolar da história. Se o expectador for portador de algum tipo de cegueira, toda essa informação se perde porque não há som para esta ação, a informação neste caso é inteiramente visual. Este expectador então se perde na trama, a história fica confusa ou até incompreensível, e ele se desmotiva a continuar a acompanhá-la. A audiodescrição vem justamente para servir como uma possibilidade de acesso a essas informações que foram perdidas por quem não as decodificou”, aponta Mayer. Com pouco mais de trinta anos de existência, a audiodescrição nasceu em meados da década de 70 nos Estados Unidos, onde foi objeto de estudo de Gregory Frazier. No entanto, foi apenas em 1981, também nos Estados Unidos, que essa técnica de tradução passou a ser trabalhada no âmbito da prática. Apesar de possuir técnicas próprias de produção e de exigir uma boa preparação por parte dos tradutores, a audiodescrição é, na verdade, a institucionalização de algo que antes era feito informalmente, graças à sensibilidade e boa vontade de algumas pessoas. Ater-se às narrações feitas nas lacunas de silêncio dos filmes, peças de teatro ou em outros tipos de espetáculo é uma prática familiar para os portadores de deficiência visual, já que parentes e amigos geralmente complementam as informações que os deficientes capturam pelos demais sentidos. “A audiodescrição vem a formalizar essa interação solidária, possibilitando mais autonomia ao público de deficientes visuais. Mais do que um recurso, ela é um instrumento de promoção da acessibilidade. Sua profissionalização e implementação definitiva é um grande passo em direção à uma sociedade mais justa e acessível”, aponta Guimarães. No Brasil, as discussões sobre a questão da acessibilidade culminaram na elaboração de uma legislação específica. A Lei nº 10.098, conhecida como “lei da acessibilidade”, estipula prazos e regulamenta o atendimento às necessidades de pessoas com deficiência no que diz respeito a projetos de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra com destinação pública ou coletiva. No que se refere aos meios de comunicação, a Lei, que entrou em vigor no dia 1º de julho de 2011, tornou a audiodescrição um direito garantido pela legislação brasileira, obrigando as emissoras de TV com sinal digital a oferecer duas horas diárias de programação audiodescrita. O número de horas deverá aumentar gradativamente para que toda a grade esteja acessível. O recurso da narração deve estar disponível na função SAP (Programa Secundário de Áudio). Além da programação em português, os filmes, documentários e programas transmitidos em outro idioma também terão que ser integralmente adaptados, com dublagem do diálogo ou voz do narrador. O Livro O livro Diagnóstico de Comunicação para a Mobilização Social: promover autonomia por meio da audiodescrição é resultado de uma pesquisa empreendida na UFMG por Mayer e Guimarães. Trata-se de um diagnóstico propositivo de Comunicação para auxiliar no trabalho de Mobilização Social em torno da audiodescrição. Como ponto de partida, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre temas da Comunicação, Relações Públicas, Mobilização Social, Acessibilidade e Audiodescrição. Assim, foi possível desenvolver um diagnóstico comunicacional, que se concentrou em alguns pontos importantes do cenário atual da audiodescrição, como a Lei 10.098, as pesquisas desenvolvidas na área até o presente momento e a relação da sociedade com os deficientes visuais. Na qualidade de estratégias comunicativas, as técnicas de mobilização social foram utilizadas neste trabalho com o intuito de enfatizar o sentimento de corresponsabilidade em promover o acesso efetivo dos deficientes visuais aos produtos culturais, fazendo deste o vínculo primordial entre a audiodescrição e seus respectivos públicos. A partir dos resultados, foram traçadas estratégias de mobilização tendo como foco de ação os principais atores sociais identificados como públicos da causa. Para facilitar o acesso do livro a um dos principais grupos ao qual ele se destina - o de deficientes visuais – o livro foi publicado em formato de DVD. Assim, além do conteúdo em PDF, também será possível acessá-lo inteiramente em áudio, incluindo o menu.

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