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Um dos artistas mais presente na efervescência cultural dos anos 80, o fotógrafo Fábio Cançado lança no próximo dia 17 de novembro seu filme “A Visita do Olhar da Sombra”. O média-metragem, premiado na terceira edição do programa Filme em Minas, é uma compilação de 20 vídeos e está integrado a um projeto multimídia do autor, também intitulado “A Visita do Olhar da Sombra”, que explora metaforicamente o contraste da Burca, uma veste oriental, em relação à exarcebada exposição dos corpos em países tropicais. O trabalho transpõe o uso cotidiano da Burca para um contexto comportamental do ocidente, trabalhado esteticamente como abstração, alegoria e metáfora de um objeto-corpo disposto a ser visitado por experimentos de multilinguagens, carregado de citações e contraposições ao uso exibicionista e expositores do corpo feminino na cultura ocidental. Talvez seja como assinala Cao Guimarães. “Este trabalho de Fábio Cançado consegue perfurar nossas retinas...” E mais... “Desnudando o signo de seus significados históricos e culturais, desejando o que se esconde por trás do invólucro - a forma pura, a fenda sem fato, a fenda de fato”. A observação do autor de que num mundo em que as informações circulam tão livremente e que uma tradição permaneça intacta, apesar de contrariar as tendências, o causa inquietude. A abordagem inédita promete polêmica ao remeter às diversas interpretações, mas não devem ser encaradas como provocação política, nem tampouco como discurso religioso ou viés documental. “O que está em jogo é uma pesquisa estética e artística do tema sobre a representação da Burca como metáfora da sombra”, revela Cançado. O diretor parece dialogar novamente com Cao Guimarães, que desvenda. “As burcas são o obturador do corpo transformado em câmera. Um corpo transformado em câmera é um corpo blindado gerando imagens, imagens que testemunham uma história, história construída entre fendas, paisagens e buracos negros”. Em 2010, o filme segue para participação em festivais no Brasil e Exterior e o projeto prossegue, em galerias de arte contemporânea, desdobrado em exposição de uma série de fotografias em grande formato, instalações com projeções e interferência de imagens, além do lançamento do livro. A obra se propõe a absorver e diferenciar códigos e fundamentos de diversas linguagens buscando o seu alargamento conceitual em cada suporte. Neste contexto, a continuidade do uso das Burcas, que escondem as formas e os rostos das mulheres muçulmanas, é um convite à reflexão sobre as diferenças culturais e o possível exagero e radicalismo de cada um dos lados. Após a sessão de lançamento, a programação se estende a todos com o projeto Tuba In, no Savassi Cineclube. A apresentação da festa contará com a presença dos “Tuba –Ins” Baiano e Trotta, além do autor da trilha sonora do filme , Daniel Mendonça. Outras informações pelo site: http://www.usinadecinema.com.br