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Exposição Coletiva sobre a gambiarra na era digital

Exposição apresenta uma seleção de obras que articulam os conceitos da Gambiologia: objetos físicos e sistemas digitais experimentais que relacionam, de formas diversas, a idéia de “gambiarra tecnológica”. Quem nunca fez algum tipo de gambiarra em casa, no trabalho ou em algum outro lugar? Nos momentos de aperto sempre aparece um jeito de arrumar objetos através de um improviso. Aliando tecnologias de ponta com processos de trabalho artesanais, os artistas Fred Paulino, Lucas Mafra e Paulo Henrique “Ganso” Pessoa desenvolvem objetos baseados na ciência da gambiarra: a Gambiologia, cultura do design integrado à reutilização, dentro de um contexto digital. Fred Paulino reuniu as obras do Coletivo às de outros artistas nacionais e estrangeiros para realizar a exposição “Gambiólogos: exposição coletiva sobre a gambiarra nos tempo do digital”. Patrocinada pela Vivo, a exposição fica aberta ao público de19 de novembro a 15 de dezembro de 2010, de terça a domingo, das 14h às 21h, no Espaço Centoequatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro, Belo Horizonte/MG). A mostra tem concepção e curadoria de Fred Paulino e produção de Morgana Rissinger. No espaço, estarão expostas obras que, de maneiras diversas, articulam os conceitos da Gambiologia. Os trabalhos vão além da gambiarra tradicional. São geralmente produzidos a partir da adaptação e reinvenção de materiais de uso cotidiano aliados a formas de tecnologias com maior ou menor nível de sofisticação, mas que necessariamente contém uma clara preocupação em relação à forma, o que lhes confere um caráter de objeto artístico. Esse recorte curatorial é inédito. Vão estar presentes objetos, esculturas, instalações e performances nunca exibidas anteriormente na capital mineira. Todos os artistas propõem obras que buscam temas relevantes nas novas tendências artísticas. Eles misturam a computação física; a adaptação de materiais reciclados e tecnologia em desuso; a utilização de eletrônica de baixo nível no lugar de alta tecnologia; o deslocamento industrial; o uso de equipamentos eletrônicos de formas distintas das quais eles foram programados inicialmente e uma valorização da estética local através de uma linguagem brasileira. Entre os artistas selecionados para participar da mostra estão: Evan Roth –(F.A.T. Lab / Graffiti Research Lab- EUA), Peter Vogel (Alemanha), Guto Lacaz (SP), Paulo Nenflídio (SP), Mariana Manhães (RJ), Milton Marques (DF), O Grivo (BH), Fernando Rabelo (BH), João Henrique Wilbert (mineiro radicado em Londres), Eduardo Imasaka (Argentina), Jarbas Jácome e Ricardo Brazileiro (PE), Paulo Waisberg (BH), André Wakko e Manuel Andrade do Coletivo Azucrina! (BH), Pedro Morais da Galeria Desvio (BH), Alexandre B (BH),Aruan Mattos (BH), Fernando Ancil (BH), Flavia Regaldo (BH), Leandro Aragão (BH), Marcelo Adão (BH) e Saulo Policarpo (BH), além dos próprios integrantes do Coletivo Gambiologia: Fred Paulino, Lucas Mafra e Paulo Henrique `Ganso´ Pessoa. Obras em destaque Dentre os principais destaques a se apresentar, o público poderá conferir a primeira apresentação no Brasil do projeto Eyewriter, que permite artistas que sofreram paralisia desenharem com os olhos. Vencedor do prêmio principal “Golden Nica” no Ars Eletronica (Áustria), um dos principais festivais de arte eletrônica do mundo, Eyewriter é uma criação coletiva de membros do Free Art and Technology (F.A.T. Lab), Open Frameworks e do Graffiti Resarch Lab, e estará representado pessoalmente pelo artista Evan Roth, que traz ao Brasil também seu projeto Graffiti Analysis, de mapeamento digital da tipografia do grafittiem culturas diversas. O público também pode conferir a escultura “Self Stimulating Closed Loop”, realizada em 1979 pelo alemão Peter Vogel, um dos pioneiros na utilização criativa e estética de circuitos eletrônicos; a primeira apresentação no Brasil do “Exquisite Clock”, do mineiro João Henrique Wilbert, com a obra que apresenta um relógio interativo formado por números que são fotos enviadas pelo público pelo site do projeto ou por iPhone; a participação do paulistano Guto Lacaz, pioneiro na utilização de engenhocas e gambiarras para realização de obras artísticas pouco convencionais e obras inéditas de Fernando Rabelo e O Grivo, artistas mineiros de reconhecimento nacional e internacional, além de trabalhos de Paulo Nenflídio, Milton Marques e Mariana Manhães, artistas pouco vistos em Belo Horizonte e que exibem constantemente a nível nacional no circuito de galerias, exposições e bienais. A exposição é patrocinada pela Vivo e tem o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Triciclo multimídia: O Gambiociclo é um triciclode de carga transformado em quiosque multimídia para realização de performances de graffiti digital e projeções de vídeono espaço público. Ele teve sua pré-estréia realizada em Porto Alegre durante o Festival Arte.mov (início do mês de novembro/2010) e será lançado nacionalmente durante a exposição, quando os Gambiólogos farão intervenções nas ruas de Belo Horizonte apresentando performances interativas de graffiti eletrônico. O Gambiociclo é uma Unidade Móvel de Transmissão Multimídia. Um triciclo de carga modificado que contêm equipamentos eletrônicos - gerador elétrico, computador, câmera, projetor, alto falantes - para a realização de projeções interativas de vídeo e graffiti digital no espaço urbano. A construção desse veículo é inspirada nos vendedores ambulantes anônimos que transitam sobre rodas nas cidades brasileiras, em sua maioria vendendo produtos ou divulgando propaganda política. O Gambiociclo, no entanto, na medida em que reúne elementos da performance, do happening, da arte eletrônica, do graffiti e da gambiarra, subverte essa lógica: anuncia tão somente um novo tempo, de diálogo direto e democrático entre quem presencia e participa da performance com sua cidade. O projeto foi realizado através do programa Filme em Minas, com patrocínio da CEMIG e Apoio da Lei Rouanet / Ministério da Cultura, pelo Coletivo Gambiologia / Graffiti Research Lab Brasil, formado pelos artistas mineiros Fred Paulino, Ganso e Lucas Mafra. O que é o coletivo Gambiologia GAMBIOLOGIA é um projeto de construção de objetos eletrônicos - “gambiarras tecnológicas” - realizado pelos artistas Fred Paulino, Lucas Mafrae Paulo Henrique ‘Ganso’ Pessoa. Os trabalhos do grupo são realizados a partir de sucatas industriais recicladas, incorporando eletrônica e programação para desenvolver aparelhos - interativos ou não - que podem ser reconhecidos como artefatos eletrônicos, esculturas ou objetos decorativos. Displays de LED’s, luminárias, toys modificados, geradores sonoros, circuit bending, graffiti eletrônico: tudo é absorvido, mastigado, remixado e transformado sob uma lógica de tecno-canibalismo. A noção de “excesso” também é recorrente nas obras gambiológicas: ao mesmo tempo em que o grupo realiza uma crítica à produção massiva de aparelhos e o acúmulo de dejetos industriais no planeta, ele se utiliza do mesmo conceito para constituir uma estética de excessos: a proposta visual das obras é de acúmulo de materiais e essencialmente tupiniquim, negando qualquer proposta de design clean ou minimalista. A GAMBIOLOGIA traz um novo significado para o contexto tecnológico, ao assumir uma postura de recontextualização criativa de materiais normalmente entendidos como refugo. A elaboração de artefatos de maneira improvisada retrata a espontaneidade do cotidiano das metrópoles e propõe uma reflexão sobre a perecibilidade, deteorabilidade e reinvenção da tecnologia, em um contexto em que o excesso de objetos fora de uso acumulados sobre a superfície do globo é uma questão crucial. De forma mais ampla, o termo gambiologia tem sido adotado também como um substantivo comum que se refere à “ciência da gambiarra”: a habilidade popular de deslocar a funcionalidade de materiais de uso comum para objetivos práticos e/ou estéticos distintos de seu uso original. A gambiarra é a solução de um problema prático cotidiano com recursos mínimos, espontaneidade e improviso, de forma rápida, geralmente precária e com as possibilidades à mão. GAMBIOLOGIA é um projeto colaborativo com o Graffiti Research Lab Brasil. Sobre o coletivo gambiologia Fred Paulino é artista visual e designer, formado em Ciência da Computação na UFMG e pós-graduado em Arte Contemporânea na Escola Guignard (UEMG). Realiza obras em mídias diversas, desde experimentações gráficas, vídeo e intervenções urbanas até eletrônica e programação de sistemas. Foi diretor criativo do Estúdio Osso e um dos fundadores do Coletivo Mosquito. É colaborador do Graffiti Research Lab (EUA) e coordenador do seu núcleo brasileiro, o GRL-BR. Lucas Mafra é designer de produto pela Universidade FUMEC. É hobbysta e autodidata em eletrônica há mais de 15 anos. Projeta desenha e constrói produtos eletrônicos e luminárias a partir de materiais reciclados, e possui ampla experiência na utilização de LED’s e em circuit bending. É colaborador do Graffiti Research Lab Brasil. Paulo Henrique ‘Ganso’ Pessoa é designer de produto com formação na Universidade FUMA (atual UEMG). Possui trabalho reconhecido na concepção e montagem de artefatos de iluminação a partir de materiais reciclados. É também artista gráfico e atua como “mestre consultor” no Coletivo Gambiologia.

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