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Montagem do grupo mineiro propõe visão contemporânea do mito de Medéia, tendo como cenário um laboratório abandonado no baixo centro de BH. O Grupo Teatro Invertido comemora oito anos de trabalho oferecendo um presente ao público de Belo Horizonte. A partir do dia 25 de novembro, sexta-feira, o grupo reestreia seu terceiro espetáculo, Medeiazonamorta. O trabalho, inspirado no mito grego e sua relação com a contemporaneidade, teve sua dramaturgia original criada a partir da confrontação intertextual entre os pontos de vistas dos artistas envolvidos no processo e de autores de épocas distintas, que também se basearam em Medéia para construir suas obras, como o grego Eurípides, o romano Sêneca, o alemão Heiner Müller e o brasileiro Chico Buarque. Elogiado pela crítica especializada e com grande repercussão junto ao público, Medeiazonamorta retorna ao cartaz após cinco anos de sua primeira temporada. Criado em 2006 e apresentado até 2008, o espetáculo tem direção de Amaury Borges, que comanda também o atual trabalho do Oficinão Galpão Cine Horto, com estreia prevista para janeiro de 2012, e dramaturgia de Letícia Andrade. Em sua primeira montagem, Medeiazonamorta realizou quatro temporadas e recebeu indicações de melhor direção, melhor espetáculo e melhor ator para Camilo Lélis no Prêmio Usiminas/SINPARC 2006. A peça tem como cenário um laboratório de engenharia sanitária abandonado, onde se realizavam experimentos de purificação das águas do Rio Arrudas. Esse espaço, localizado no coração da zona boêmia da capital: a Rua Guaicurus, é a morada da feiticeira grega que, depois de traída por seu grande amor, assassina os próprios filhos por vingança. Por sua característica de instalação/intervenção num espaço cênico específico, o espetáculo só realizou apresentações na cidade de Belo Horizonte. A remontagem de Medeiazonamorta conta com o patrocínio da Arcelor Mittal, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e terá duas temporadas, a primeira entre novembro e dezembro e a segunda no início de 2012, dentro da programação do Verão Arte Contemporânea, entre os dias 03 e 12 de fevereiro, também no Centro Cultural da UFMG. ESPETÁCULO “MEDEIAZONAMORTA” A história da mulher traída e abandonada pelo marido, que mata sua rival e os próprios filhos por vingança, ganha ares contemporâneos em diálogo com o espaço e o tempo da cena. A estação de tratamento de esgoto abandonada se configura como a própria paisagem da desolação e se torna elemento fundamental para a dramaturgia do espetáculo, onde os excrementos humanos se tornam metáfora para os detritos da civilização. “A montagem foi concebida nesse espaço e a dramaturgia foi diretamente contaminada por ele. Creio que esse é um dos trunfos de ‘Medeiazonamorta’, pois o espectador mergulha em um universo sensorial, em que o espaço é também ‘ator’ da encenação”, afirma Leonardo Lessa, ator do espetáculo. O texto, assinado por Letícia Andrade, apresenta um retrato do abandono em que se encontram a mulher-mãe-filha-traída, os homens em guerra e o fruto do amor extirpado com a morte. O trio de atores, Camilo Lélis, Leonardo Lessa e Rita Maia representa, através dessa tragédia contemporânea, homens e mulheres na condição de estrangeiros em sua própria pátria. Pátria-mãe que, traída, vinga publicamente seus filhos e filhas com a morte. ARTE OCUPA O BAIXO CENTRO DE BH As apresentações do espetáculo “Medeiazonamorta” no Centro Cultural da UFMG fazem parte de um intenso circuito cultural que se fortalece, cada vez mais, no baixo centro da capital mineira. Somados aos pioneiros, Museu de Artes e Ofícios e Serraria Souza Pinto, que funcionam como pólos para a difusão cultural no entorno da Praça da Estação, há alguns anos outras organizações culturais e grupos artísticos de diferentes segmentos têm ocupado a região, como o Espaço 104, o Duelo de MC´s, que acontece semanalmente desde 2007, o Grupo Espanca!, que inaugurou em 2010 sua sede e espaço de apresentações, além do Bar, Restaurante e Cabaré Cultural Nelson Bordello, que funciona diariamente com programação artística variada. Segundo o ator Leonardo Lessa, essa ocupação é muito importante para a cidade, pois requalifica uma região marginalizada da capital, que ainda não foi valorizada em todo o seu potencial pelo poder público. “A Praça da Estação é palco frequente de grandes eventos que estão cada vez mais elitistas. O absurdo fechamento da praça com tapumes de metal é prova disso. Entretanto, está se estabelecendo em seu entorno um roteiro cultural muito atrativo, com espaços que abrigam uma programação artística regular e com preços acessíveis. É fundamental consideramos a vocação dessa região para ocupá-la: um território de passagem, de partidas e chegadas, que recebe pessoas das mais variadas regiões da cidade, um espaço de encontro e celebração, portanto, espaço de arte”, afirma. GRUPO TEATRO INVERTIDO O Teatro Invertido surgiu no ano de 2004 com o principal objetivo de aprofundar a pesquisa em treinamento do ator e criação cênica iniciada por seus integrantes no curso de graduação em teatro da UFMG. A cada nova montagem o grupo reafirma seu interesse pela investigação artística e pela colaboração como princípio ético do trabalho criativo. Em seus espetáculos tem perseguido temáticas que dialogam diretamente com as questões do homem contemporâneo, propondo ao espectador uma postura crítica e reflexiva frente à cena. O grupo possui em seu repertório cinco montagens: “Nossa Pequena Mahagonny”, “Lugar Cativo”, “Medeiazonamorta”, “Proibido Retornar” e “Estado de Coma”. Desde sua fundação, o Teatro Invertido também se dedica a iniciativas coletivas de mobilização em torno do debate sobre as políticas públicas para a cultura em âmbito municipal, estadual e federal. No período de 2003 a 2006, em parceria com outros coletivos da capital mineira, idealizou e realizou o Circuito OFF de Teatro Desde 2004 o grupo integra o Redemoinho – Movimento Brasileiro de Espaços de Criação, Pesquisa e Compartilhamento Teatral, participando de todos os seus encontros anuais e, desde 2010, integra o Movimento Nova Cena. Em 2008 inaugurou sua sede, um galpão com 150 metros quadrados, localizado no bairro Sagrada Família, região leste da capital mineira. Em 2010, através de uma parceria com o Mayombe Grupo de Teatro, esse espaço passou a se chamar ESQUYNA - Espaço Coletivo Teatral e, além de abrigar as atividades artísticas, pedagógicas e administrativas dos grupos, passou a receber apresentações, oficinas e projetos de outros artistas da cidade. Também em 2010 o Teatro Invertido lançou, em parceria com o selo Edições CPMT, do Galpão Cine Horto, o livro Cena Invertida: Dramaturgias em Processo, que reúne uma série de artigos de especialistas sobre o trabalho do grupo, além das cinco dramaturgias originais desenvolvidas para seus espetáculos. SINOPSE DO ESPETÁCULO MEDEIAZONAMORTA é resultado da pesquisa sobre o mito grego de Medéia e sua relação com a contemporaneidade. O espetáculo retrata o abandono em que se encontram a mulher-mãe-filha-traída, os homens em guerra e o fruto do amor extirpado com a morte. EQUIPE Atuação: Camilo Lélis, Leonardo Lessa e Rita Maia Direção: Amaury Borges Dramaturgia: Letícia Andrade Trilha Sonora: Admar Fernandes Iluminação: Rogério Araújo e Amaury Borges Concepção cenográfica e figurinos: Ines Linke Produção executiva: Giovanna Almeida Assistência de produção: Michelle Barreto Assessoria de comunicação: Tiago Penna Realização: Grupo Teatro Invertido