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Primeiro coral de música yorùbá de Minas Gerais abre inscrições

Palavras como “abada” (espécie de camisão que era utilizado pelos africanos no Brasil e seus descendentes, mas que, atualmente, se referem às vestes dos foliões de blocos carnavalescos da Bahia), “acarajé”, “jagunço” (advindo de jagun-jagun = soldado ) e “Morumbi”, entre outras provam como é grande a influência das culturas africanas na formação da nacionalidade e da cultura popular brasileira. Entretanto, essas palavras são todas pertencentes ao universo da cultura yorùbá, uma das muitas etnias dos povos da Nigéria, país ocidental da África. Para apresentar e melhor difundir a cultura yorubana em Minas Gerais, estão abertas as inscrições para o projeto “Agbára – Vozes da África”, que consiste na formação de um coral para resgatar as músicas milenares da tradição yorùbá, e que oferecerá também aos participantes momentos de aprendizado da língua e cultura em questão. O projeto é desenvolvido pelo Instituto de Arte e Cultura Yorùbá, que desde 2006 realiza cursos de língua e cultura yorùbá em Belo Horizonte, sob a coordenação do nigeriano Olúségun Akinruli. Patrocinado pelo programa Cemig Cultural, através da Lei Federal Rouanet de Incentivo à Cultura, o projeto “Agbára – Vozes da África” será realizado nas cidades de Belo Horizonte, Nova Lima, Contagem e Betim, finalizando em cada uma delas com grandes concertos de apresentação do coral e seminários com personalidades referenciais da cultura africana. Das inscrições e da formação do coral Com inscrições gratuitas e abertas até o dia 02 de fevereiro de 2009, os ensaios e aulas em Belo Horizonte acontecerão no Centro Cultural da UFMG, no período de três meses, com início no dia 07 de fevereiro, sempre aos sábados, de 9 às 13 horas. Com turma para até 50 pessoas, o curso de formação é dividido em seis módulos, sendo eles: 1 – Língua Yorùbá; 2 – Cultura Yorùbá; 3 – Canto Coral com músicas da tradição Yorúbá, que contará também com o senegalês Mamour Ba como professor; 4 – Comidas Yorùbás; 5 – Acompanhamento e Percussão Yorúbá, com o percussionista Carlinhos Oxóssi; e 6 – Tradução e músicas de origem Yorùbá em português, com auxílio da cantora Eda Costa. Todos os módulos serão coordenados por Olúségun Akinruli, com participação de Ayobami Akinruli. Da cultura Yorùbá De tradição milenar, falada e cultuada por mais de 100 milhões de pessoas em todo mundo, a língua e a cultura yorùbá é predominante da Nigéria, país de maior população na África e que possui cerca de 200 etnias, mas está presente também em nações como Bahamas, Benin, Brasil, Camarões, Costa do Marfim, Cuba, El Salvador, EUA, Porto Rico, Reino Unido, Togo, entre outros. No Brasil, a influência da cultura iorubana se deu na primeira metade do século XVIII, com a vinda de negros da costa do Benin através do tráfico negreiro transatlântico, aportados na Baía de Todos os Santos, em Salvador. Na capital baiana, lugar onde essa presença iorubana é mais notável, existem edificações com nomes em yorùbá, além de que a língua – que é a mais falada nos terreiros de candomblé no Brasil – tornou-se oficialmente obrigatória a lecionação nas escolas de ensino fundamental nos últimos anos. Recente pesquisa realizada pela ONU afirma que de cada cinco negros ou afrodescendentes nascidos no mundo, três deles descendem da Nigéria, país considerado a “terra mãe da África”. É legítimo salientar que cada uma dessas pessoas carrega dentro de si, desde o seu nascimento até a sua morte, a essência de sua cultura original. É por isso que, na música, a presença iorubana está representada por personalidades como Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Djavan, Inaicyra, Daniela Mercury, entre outros. Dos professores Olúségun Akinruli – o coordenador do Instituto de Arte e Cultura Yorùbá (IACY) e do projeto “Agbára – Vozes da África” é nascido na Nigéria e vive em Belo Horizonte desde 2004. Formado em Ciências econômicas pela Universidade de Lagos (Nigéria), com MBA em Finanças pelo IBMEC, Olúségun é também músico pianista, professor de inglês na escola Cultura Inglesa, de língua yorùbá do Cenex da Universidade Federal de Minas Gerais, e também do curso de Língua e Cultura Yorùbá, oferecido na PBH pelo IACY. Dentre diversos eventos, foi organizador da 1ª mostra de Cinema Nigeriano na 4ª edição do Festival de Arte Negra (FAN), em 2007, e do 1º Seminário Internacional de Cultura Yorùbá, realizado no Centro Universitário Newton Paiva, em 2006. Sobre a cultura e tradição yorùbá, realiza palestras, tendo já participado de eventos em Salvador e Rio de Janeiro. Carlinhos Oxóssi – Percussionista iniciado como alabê (ou ogã, que são os tocadores de atabaques) nas tradições do candomblé, Carlinhos é ainda cantor, compositor e criador de ritmos – como o sambangolê – , além de fundador do Fala Tambor, primeiro grupo de samba-de-roda de Minas Gerais. Eda Costa - Cantora profissional iniciada em 1991, quando foi aluna da cantora Babaya, Eda Costa já gravou com grandes nomes da música mineira, como Paulinho Pedra Azul e Sérgio Pererê. Foi preparadora vocal de grupos como o Teatro Negro e Atitude (TNA), Cia Acômica e a Cia Lúdica. Atualmente é professora da escola de teatro da PUC-Minas e canta na banda Oncotô. Mamour Ba – Senegalês residente em Minas Gerais há mais de 20 anos, Mamour é músico percussionista, cantor e arranjador. Possui mestrado em Música pela Universidade de Versailles, na França. É coordenador do grupo Conexão Tribal African Beat, com o qual se apresenta. Foi diretor musical e arranjador dos CD’s “Irmandade” e “Berimbrown e os Mestres Negros da Música Brasileira”, da banda mineira Berimbrown.

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